quarta-feira, 17 de setembro de 2008

AINDA SOBRE A BOLÍVIA

O jornal boliviano El Deber, de Santa Cruz de La Sierra, acaba de desmentir uma informação dada pelo senador boliviano Paulo Bravo ao programa Gazeta Alerta, daqui de Rio Branco.

Bravo, que está refugiado em Brasiléia, afirmou que o governo Morales pensa em nomear um militar para ocupar a vaga do governador Leopoldo Fernández, preso ontem por violação do estado de sítio em Pando.

De acordo com a matéria ainda não se sabe quem será o sucessor, mas os próprios militares negam a possibilidade de ocupar o cargo.

Concordo com os militares. É ilegal, imoral e antidemocrática a nomeação de oficiais das Forças Armadas para cargos civis, mesmo em épocas de exaltação política. É de triste lembrança na memória política brasileira a última intervenção militar na nossa "democracia".

Evo Morales, indígena que é, deveria estimular a administração do Estado pela própria população, em conselhos de trabalhadores organizados com decisões tomadas coletivamente em assembléias.

Sem violência entre irmãos, sem sangue derramado, Pando poderia assim tornar-se o primeiro Estado realmente socialista da Bolívia.

E Leopoldo Fernández?

"Fernández também deve enfrentar uma investigação aberta pela Fiscalía General, que o acusou de promover os incidentes da semana passada, que deixaram um saldo de pelo menos 18 mortos, entre eles um civil e um recruta, várias dezenas de feridos e 106 desaparecidos", lembra a matéria assinada pelo jornalista Gustavo Ondarza.

2 comentários:

Luiz Korsakoff disse...

Passei no blog do Aldo, vi teu comentário em um dos posts e pensei "bingo, finalmente alguém que pensa!".

"Colunismo social no Acre é feito para agradar amplos setores de uma classe média formada por funcionários públicos ou privados que têm hora de sobra para ler tais bobagens."


Quanto ao teu texto, acredito que nem o próprio Evo saiba o que fazer daqui por diante, a crise pode afetar (mesmo que não muito) o Brasil e as relações diplomáticas podem ser influenciadas pelo gás advindo daquele país.

Particularmente acredito que seria realmente lamentável ver a Bolívia se tornar mais uma tentativa de País com governo centralizado.

Jozafá Batista disse...

Luiz, obrigado pelos elogios. A Bolívia tem um trunfo que todos os países pró-socialistas até hoje não tiveram: os indígenas - e seus descendentes.

Esses caras praticam o comunismo ("comunalismo primitivo", no dizer do Barbudo Alemão) há milênios. Ainda hoje, nos vilarejos, questões da vida econômica, social e até política são resolvidas em assembléias, da mesma forma que os ancestrais dele faziam desde antes de Cristo.

Sobre o gás, discordo. A mesa virou depois que a UNASUL declarou apoio a Morales, o que pode incluir apoio militar e ajuda humanitária para a pacificação (e para o restabelecimento das relações comerciais com os países do bloco, obviamente...)

O processo de democratização do poder iniciado na Bolívia não pode parar, mas deve ser conduzido pelo povo. Acho que Evo está tentando viabilizar isso. Nesse momento, por exemplo, está ocorrendo uma reunião em Cochabamba entre a equipe de governo e os governadores.

Abraços e volte sempre!