sexta-feira, 12 de setembro de 2008

EUA PREPARAM TERRENO PARA INTERVENÇÃO ARMADA

Os Estados Unidos estão preparando o terreno para uma intervenção armada na América Latina. Washington parece ter chegado à conclusão de que o controle dos recursos naturais na região, exercido através de terceiros em países como o Brasil, exigirá um confronto direto com o governo de Hugo Chávez.

Como se sabe, os Estados Unidos ajudaram a patrocinar o golpe de estado que, por algumas horas, afastou Hugo Chávez do poder em 2002.

Através do National Endownment for Democracy, o NED, o governo dos Estados Unidos continua a financiar atividades de "promoção da democracia" em países como a Venezuela e a Bolívia.

O NED, criado durante o governo de Ronald Reagan, assumiu atividades civis antes delegadas à Central de Inteligência Americana (CIA). Washington considera que essas atividades de "fortalecimento da sociedade civil" são mais eficazes que ações clandestinas.

O primeiro teste bem sucedido da estratégia do NED se deu com a derrota eleitoral dos sandinistas na Nicarágua diante de uma coalizão patrocinada pelos Estados Unidos e liderada por Violeta Chamorro, em 1990. A ação está documentada no livro A Faustian Bargain, de William Robinson.

O NED funciona como um canal através do qual dinheiro público dos Estados Unidos financia atividades desenvolvidas por entidades ligadas aos empresários, aos sindicatos e aos dois principais partidos estadunidenses, o Democrata e o Republicano. Isso garante apoio bipartidário no Congresso.

O NED teve atuação importante na Sérvia, na Geórgia, na Bielorrússia, na Rússia, na Ucrânia e em vários outros países, sempre promovendo grupos políticos da sociedade civil que faziam avançar os interesses dos Estados Unidos.

O dinheiro é aplicado em monitoramento de eleições, pesquisas eleitorais e treinamento de novas lideranças políticas.

Aqui há um artigo em inglês que dá uma visão geral sobre a chamada "democracy assistance".

A decisão do governo Bush de formalizar a acusação contra dois integrantes do alto escalão do governo Chávez, que acusa de apoio ao narcoterrorismo, abre espaço para justificar uma intervenção militar. Não vai acontecer amanhã. É uma política de estado, não de governo, cuja implementação depende da conjuntura política internacional e dos conflitos no Iraque e no Afeganistão.

Os Estados Unidos apoiaram o ataque da Colômbia ao acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no Equador, o que abriu espaço para regionalizar o conflito e justificar a flexibilização das fronteiras.

Tanto o democrata Barack Obama quanto o republicano John McCain adotam o apoio à Colômbia em sua plataforma eleitoral, com endosso a ações militares preventivas com a justificativa de "combate ao terrorismo".

O controle das reservas petrolíferas da bacia do Orinoco, na Venezuela, e do gás natural boliviano são os objetivos de longo prazo dos Estados Unidos.

O governo que precedeu o de Evo Morales, de Gonzalo Sánchez de Lozada, caiu por pretender exportar gás boliviano para os Estados Unidos em navios através do Chile. A campanha eleitoral de Lozada foi magistralmente retratada no documentário Our Brand is Crisis.

Na Venezuela, Hugo Chávez foi brevemente derrubado logo depois de trocar a direção da PDVSA, a gigante estatal que sempre foi administrada atendendo aos interesses externos dos Estados Unidos.


Fonte: Site Vi o Mundo, do repórter Carlos Azenha.

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