É óbvio que ninguém pode negar a enorme contribuição do Partido dos Trabalhadores para a vida política acreana. Houve uma transformação radical da Realpolitik nesse Estado logo a partir do primeiro mandato de Jorge Viana e o resultado dessa transformação poder ser visto praticamente em cada esquina da cidade.
É igualmente óbvio, porém, que ao transformar a Realpolitik acreana o governo petista transformou-se com ela. De defensor da democracia social e econômica, o PT tornou-se um árduo e muitas vezes cruel protetor das suas próprias conquistas políticas. É claro que nenhum partido tem a intenção de cometer suicídio político, estabelecendo prazo de validade para as suas bandeiras e idéias: é característico de um partido político colocar-se como a melhor opção no jogo democrático.
O problema é o que se faz ao longo desse processo. Na imprensa acreana, são numerosas as acusações de silenciamento, ocultamento, manipulação e até negação descarada de notícias cujas evidências deixam a quisila no nível do ridículo. Membros do PT, políticos do primeiro escalão, ainda ligam para as redações e pedem "carinhosamente" para que determinada notícia seja publicada com ênfase ou omitida, dependendo dos interesses em jogo.
Essa prática mancha a imagem que o PT, e suspeito que a própria Frente Popular do Acre (FPA) vem se esforçando para construir em um Estado historicamente dominado por forças de direita. É uma prática nefasta que não pode ser tolerada sob quaisquer condições, mesmo que o interesse seja salvaguardar a imagem de um político ou partido qualquer.
Não se pode tolerar que em nome da transformação social cometam-se atentados à liberdade de expressão, até porque este bem ainda não foi alcançado na vida política do Acre. A população, a grande parte da população, os trabalhadores e marginalizados que lotam os matagais mal-iluminados que muitos chamam de "periferia" estão completamente ausentes dessa discussão: expressão pública é sempre expressão dos outros, não a expressão delas. São párias numa sociedade que se diz democrática.
Por esta e outras razões, uma revolução na comunicação social só pode vir quando esses dois pontos, gravíssimos, forem corretamente saneados. Nos dois casos o problema é um só: liberdade. Não há liberdade porque o poder é concentrado em um grupo político que estabelece a um só tempo os limites e os direitos do restante da sociedade.
Somente em uma sociedade democrática, onde o poder político e o poder de imprensa possa ser exercido por toda a sociedade, pode resolver adequadamente esse divórcio de interesses. Democratizado, o poder pertencerá a todos, e não mais somente a alguns. A expressão individual será o direito ao exercício do poder político livre, e o exercício do poder político livre só pode ser realmente livre quando dispuser do direito de livre expressão.
O quadro é de Eugène Delacroix. "A Liberdade guiando o povo", 1830.
É igualmente óbvio, porém, que ao transformar a Realpolitik acreana o governo petista transformou-se com ela. De defensor da democracia social e econômica, o PT tornou-se um árduo e muitas vezes cruel protetor das suas próprias conquistas políticas. É claro que nenhum partido tem a intenção de cometer suicídio político, estabelecendo prazo de validade para as suas bandeiras e idéias: é característico de um partido político colocar-se como a melhor opção no jogo democrático.
O problema é o que se faz ao longo desse processo. Na imprensa acreana, são numerosas as acusações de silenciamento, ocultamento, manipulação e até negação descarada de notícias cujas evidências deixam a quisila no nível do ridículo. Membros do PT, políticos do primeiro escalão, ainda ligam para as redações e pedem "carinhosamente" para que determinada notícia seja publicada com ênfase ou omitida, dependendo dos interesses em jogo.
Essa prática mancha a imagem que o PT, e suspeito que a própria Frente Popular do Acre (FPA) vem se esforçando para construir em um Estado historicamente dominado por forças de direita. É uma prática nefasta que não pode ser tolerada sob quaisquer condições, mesmo que o interesse seja salvaguardar a imagem de um político ou partido qualquer.
Não se pode tolerar que em nome da transformação social cometam-se atentados à liberdade de expressão, até porque este bem ainda não foi alcançado na vida política do Acre. A população, a grande parte da população, os trabalhadores e marginalizados que lotam os matagais mal-iluminados que muitos chamam de "periferia" estão completamente ausentes dessa discussão: expressão pública é sempre expressão dos outros, não a expressão delas. São párias numa sociedade que se diz democrática.
Por esta e outras razões, uma revolução na comunicação social só pode vir quando esses dois pontos, gravíssimos, forem corretamente saneados. Nos dois casos o problema é um só: liberdade. Não há liberdade porque o poder é concentrado em um grupo político que estabelece a um só tempo os limites e os direitos do restante da sociedade.
Somente em uma sociedade democrática, onde o poder político e o poder de imprensa possa ser exercido por toda a sociedade, pode resolver adequadamente esse divórcio de interesses. Democratizado, o poder pertencerá a todos, e não mais somente a alguns. A expressão individual será o direito ao exercício do poder político livre, e o exercício do poder político livre só pode ser realmente livre quando dispuser do direito de livre expressão.
O quadro é de Eugène Delacroix. "A Liberdade guiando o povo", 1830.