Em comentário ao post OS JORNAIS E OS OPERÁRIOS, o leitor Victor Hugo pondera sobre a necessidade de uma imprensa que não se resuma a mero canal de negociação entre governos e conglomerados de comunicação. Faço aqui minha resposta.
Victor, Gramsci escreveu a um proletariado organizado e extremamente atuante em toda a Europa. Não é o caso atual, especialmente devido à máquina de adormecer a opinião pública que a nossa imprensa se tornou.
Isso é perturbador, uma vez que no mundo atual há muito mais tragédias e problemas que na década de 10: violência, desemprego, miséria etc. A enorme quantidade de tecnologia e desenvolvimento alcançados pelo mundo desde a Revolução Industrial não somente não resolveu os problemas da época, como os aprofundou: a globalização precisa necessariamente destruir os recursos minerais e vegetais para construir suas cidades, e mesmo nelas não há equilíbrio de vida social. O que há em todas - e isso vale para qualquer cidade do mundo - é uma enorme massa de trabalhadores alimentando uma elite social minúscula, ou menos que isso.
O problema atual da imprensa não é divulgar notícias de forma equivocada. A sua culpa é legitimar esse modo perverso de produção da vida social, e ao mesmo tempo fazer parte dele: aquilo que chamamos de "veículos de comunicação" não passam de "veículos de negociação" entre empresários e governos, nos quais a moeda corrente é o prestígio que os próprios leitores/telespectadores/ouvintes lhes dão.
A imprensa legitima esta forma de viver e os governos aproveitam para divulgar os seus "produtos", capitalizando votos para a sua agremiação nas próximas eleições.
Como um comportamento depende do outro, esta dependência não deixa margem para transformações da imprensa "por dentro": até quando denuncia a exclusão social, a violência e a miséria a imprensa adota uma postura de adulação aos poderosos. Não se divulga, ou não se quer divulgar, que esses problemas estão intimamente ligados à própria existência de poderosos e que esta exata divisão social é, no fim das contas, a fonte originária de todos os problemas.
Como isso não pode ser resolvido "por dentro", já que a imprensa jamais defenderá uma sociedade livre de governos, autoridades ou classes sociais determinando o que a maioria da sociedade deve ou não fazer, resta a nós, os de "fora do esquema", o enorme potencial comunicativo que a internet nos dá hoje.
É na internet onde as informações de resistência podem circular sem ser tolhidas por interesses dos proprietários dos tais "meios de comunicação" ou por governos autoritários. É somente na internet, como você bem percebeu, que podemos fazer a verdadeira trincheira de uma luta aberta e ampla em prol da liberdade, não somente da verdadeira liberdade de expressão, mas da liberdade humana como um todo.
Não pode haver liberdade numa sociedade com proprietários. Onde houver isso haverá conseqüentemente despossuídos, aduladores e exploradores.
A foto é do escritor e poeta francês Victor Hugo (1802-1885), xará do nosso assíduo leitor.
Victor, Gramsci escreveu a um proletariado organizado e extremamente atuante em toda a Europa. Não é o caso atual, especialmente devido à máquina de adormecer a opinião pública que a nossa imprensa se tornou.
Isso é perturbador, uma vez que no mundo atual há muito mais tragédias e problemas que na década de 10: violência, desemprego, miséria etc. A enorme quantidade de tecnologia e desenvolvimento alcançados pelo mundo desde a Revolução Industrial não somente não resolveu os problemas da época, como os aprofundou: a globalização precisa necessariamente destruir os recursos minerais e vegetais para construir suas cidades, e mesmo nelas não há equilíbrio de vida social. O que há em todas - e isso vale para qualquer cidade do mundo - é uma enorme massa de trabalhadores alimentando uma elite social minúscula, ou menos que isso.
O problema atual da imprensa não é divulgar notícias de forma equivocada. A sua culpa é legitimar esse modo perverso de produção da vida social, e ao mesmo tempo fazer parte dele: aquilo que chamamos de "veículos de comunicação" não passam de "veículos de negociação" entre empresários e governos, nos quais a moeda corrente é o prestígio que os próprios leitores/telespectadores/ouvintes lhes dão.
A imprensa legitima esta forma de viver e os governos aproveitam para divulgar os seus "produtos", capitalizando votos para a sua agremiação nas próximas eleições.
Como um comportamento depende do outro, esta dependência não deixa margem para transformações da imprensa "por dentro": até quando denuncia a exclusão social, a violência e a miséria a imprensa adota uma postura de adulação aos poderosos. Não se divulga, ou não se quer divulgar, que esses problemas estão intimamente ligados à própria existência de poderosos e que esta exata divisão social é, no fim das contas, a fonte originária de todos os problemas.
Como isso não pode ser resolvido "por dentro", já que a imprensa jamais defenderá uma sociedade livre de governos, autoridades ou classes sociais determinando o que a maioria da sociedade deve ou não fazer, resta a nós, os de "fora do esquema", o enorme potencial comunicativo que a internet nos dá hoje.
É na internet onde as informações de resistência podem circular sem ser tolhidas por interesses dos proprietários dos tais "meios de comunicação" ou por governos autoritários. É somente na internet, como você bem percebeu, que podemos fazer a verdadeira trincheira de uma luta aberta e ampla em prol da liberdade, não somente da verdadeira liberdade de expressão, mas da liberdade humana como um todo.
Não pode haver liberdade numa sociedade com proprietários. Onde houver isso haverá conseqüentemente despossuídos, aduladores e exploradores.
A foto é do escritor e poeta francês Victor Hugo (1802-1885), xará do nosso assíduo leitor.
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