Nos últimos anos o termo “Desenvolvimento Sustentável” passou a ser usado exageradamente e sem qualquer tipo de controle, de forma equivocada e indiscriminada, sem qualquer equacionamento mais profundo de suas bases. Os inúmeros estudos críticos da expressão denotam que o problema já está preocupando os ambientalistas estudiosos, face ao vazio que resultou das análises precisas realizadas.
Desta forma, chegou-se à conclusão de que o Desenvolvimento Sustentável não existe, e já foi batizado de Desenvolvimento Insustentável por vários críticos, principalmente pelo Prof. Henrique Rattner, titular da FEA/USP, que dessa maneira o alcunhou em seu artigo “Desenvolvimento Insustentável”.
No livro “Desenvolvimento Insustentável: – Imprecisão e ambigüidade nas Ciências Ambientais”, o autor, Prof. Wilson Luiz Bonalume, Ph.D. em Ciências Ambientais, está perfeitamente consciente da enorme responsabilidade em apresentar este estudo criticando violentamente o chamado desenvolvimento sustentável ou sustentado, em Direito Ambiental, e enfrentando em luta aberta o mundo ambientalista mais conservador.
O Livro é resultado de sua Tese de doutorado com Ph.D. aprovada pela Sherwood University of London sob o título “The artful vagueness of sustainable development in the environmental law”, e tem por finalidade executar uma análise da expressão Desenvolvimento Sustentável, utilizada nos trabalhos de Direito Ambiental e de Ciências do Ambiente.
O Prof. Bonalume afirma que quem desejar substituir uma determinada expressão já constante e utilizada por uma ciência de nosso mundo jurídico-científico, deverá ao menos, valer-se de outra denominação que desenvolva os atributos da expressão a ser substituída. Segundo ele, grande quantidade de autores ambientalistas criticaram a expressão “Desenvolvimento Sustentável. Alguns foram taxativos em fulmina-la, outros, mais brandos, se limitaram a despreza-la de seus estudos.
O Famoso Prof. David Pearce, em seu conhecido trabalho “Blueprint for a Green Economy”, disse que “O Desenvolvimento Sustentável tornou-se um artigo de fé, uma prova ou teste: muitas vezes citado mas pouco explicado.” Também o Prof. Edis Milaré afirma que: “No Brasil, com uma década de atraso sobre a conferência de Estocolmo (1972), nossos representantes oficiais defenderam a poluição como sinônimo de desenvolvimento, a onda ecológica chegou nas asas da abertura política, e hoje meio ambiente e ecologia são expressões da moda” (Direito do Ambiente, MILARÉ; E.; pg. 52, 2000).
Será possível confiar em tal espécie de desenvolvimento? Como acreditar em trabalho realizado sob inspiração artificiosa e inconfessável do Primeiro Mundo? Quem se atreve a responde-la? Com certeza essa discussão ainda continuará por muito tempo, mas é preciso conhecer todos os argumentos antes de tomar uma posição definitiva.
Wilson Luiz Bonalume - O autor é professor de Direito Ambiental e pesquisador (Environmental Research) da Universidade de Alfenas - MG. Ex-aluno da Universidade de São Paulo, Universidade Federal Fluminense, Escola de Sociologia e Política de São Paulo, New York University, Sherwood University of London e Columbia University. É Ph.D. em Ciências Ambientais, patrono do WWF - World Wildlife Fund e ex-procurador da municipalidade de São Paulo. Com mais de uma centena de estudos publicados em 26 revistas e jornais, também é membro do Instituto O Direito por um Planeta, da SOS Mata Atlântica e da Fundação Brasileira para a Conservação da Natureza. É fundador da Associação Ambiental do Sul de Minas (luminar@axtelecom.com.br)
Fonte: Agência Ecoterra
A foto que ilustra a postagem é a capa de outro livro, o do professor Elder Andrade de Paula, doutor em Ciências Sociais pela UFRJ e professor da UFAC. A obra foi publicada pela Editora da Ufac (Edufac), onde esgotou-se várias vezes.
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