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Mostrando postagens de outubro, 2010

O FIM DA CAMPANHA ELEITORAL

Por Washington Araújo, no Observatório da Imprensa Os últimos dias da campanha eleitoral 2010 registraram coisas bem inusitadas. A começar pelo Vaticano, com o papa em pessoa, Bento 16, afirmando que é dever dos bispos católicos orientar os fiéis sobre o voto em candidatos que se oponham ao aborto. Os intelectuais logo deram um jeito de mostrar desaprovação a esta indevida intromissão do Vaticano em assuntos internos do Brasil. Afinal estamos em eleição e esta etapa final tem sido marcado pela questão do aborto, com acusações de que a candidata "matava as criancinhas" e com o bispo de Guarulhos (SP) ordenando a impressão de estupendos 20 milhões de folhetos com material eleitoral contendo discurso típico da campanha oposicionista. Mas os candidatos Dilma Rousseff e José Serra preferiram não cutucar a onça religiosa com vara curta e responderam com o clássico "Amém!" Já na blogosfera o coral parecia mais afinado. Só que na contramão do comando papal: Bento 16 deveria...

ONDE VOCÊ ESTAVA EM 1964?

Por Emir Sader, na Carta Maior Há momentos na história de cada país que são definidores de quem é quem, da natureza de cada partido, de cada força social, de cada indivíduo. Há governos em relação aos quais se pode divergir pela esquerda ou pela direita, conforme o ponto de vista de cada um. Acontecia isso com governos como os do Getúlio, do JK, do Jango, criticado tanto pela direita – com enfoques liberais ou diretamente fascistas – e pela esquerda – por setores marxistas. Mas há governos que, pela clareza de sua ação, não permitem essas nuances, que definem os rumos da história futura de um país. Foi assim com o nazismo na Alemanha, com o fascismo na Itália, com o franquismo na Espanha, com o salazarismo em Portugal, com a ocupação e o governo de Vichy na França, entre outros exemplos. No caso do Brasil e de outros países latinoamericanos, esse momento foi o golpe militar e a instauração da ditadura militar em 1964. Diante da mobilização golpista dos anos prévios a 1964, da instauraç...

OS "CÃES DE GUARDA"

Do blog Viomundo Beatriz Kushnir escreveu um livro “incômodo” para a mídia brasileira. É “Cães de Guarda – Jornalistas e Censores, do AI-5 à Constituição de 1988 ″, que conta histórias interessantes sobre os bastidores de jornais e emissoras de televisão durante o regime militar. Fala do funcionário que Victor Civita despachou para “treinar” censores em Brasília. Fala dos censores que foram trabalhar dentro da TV Globo. Fala dos policiais que se tornaram “jornalistas” e dos jornalistas que fizeram papel de policiais. Fala dos bastidores da “ Folha da Tarde “, o jornal do grupo Folha que prestou serviços à repressão. Está explicado, portanto, o motivo pelo qual esse livro quase não foi resenhado. Beatriz hoje é diretora do Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro, que tem um dos maiores acervos da imprensa alternativa que floresceu durante o regime militar. Mais sobre o livro aqui .

CARTA ABERTA A FHC

O plano Real não derrubou a inflação e sim uma deflação mundial que fez cair as inflações no mundo inteiro. A inflação brasileira continuou sendo uma das maiores do mundo durante o seu governo. O real foi uma moeda drasticamente debilitada. Isto é evidente: quando nossa inflação esteve acima da inflação mundial por vários anos, nossa moeda tinha que ser altamente desvalorizada. De maneira suicida ela foi mantida artificialmente com um alto valor que levou à crise brutal de 1999. Outro mito é que seu governo foi um exemplo de rigor fiscal. Um governo que elevou a dívida pública do Brasil de 60 bilhões de reais em 1994 para mais de 850 bilhões, oito anos depois, é um exemplo de rigor fiscal? O artigo é de Theotonio dos Santos . Texto completo na Agência Carta Maior .

VIOLÊNCIA VIRTUAL

Por Cláudio Lembo* Na verdade, segmentos remanescentes dos velhos quadros conservadores – reacionários que levaram Vargas ao suicídio – utilizam-se da tática do terror verbal para anunciar anormalidades que não existem. É louvável e salutar o comportamento dos eleitores, em todas as oportunidades. Portam-se com dignidade e recato cívico exemplares. Não usam insígnias ou quaisquer indicativos de opção partidária. Reservam-se para registrar suas opções pessoas na urna eletrônica. Quem viveu outras épocas e outras situações, conheceu violência contra a militância política. Nem sempre de natureza física, mas sempre presente a coação moral representada pelos órgãos de repressão de ditaduras. O temor das palavras proferidas e suas inevitáveis conseqüências: as perseguições de todas as espécies. Agora, os candidatos expõem – se assim quiserem – o próprios pensamento ou de suas agremiações partidárias. Ninguém o repreende. Só o eleitorado poderá definir se recebeu bem a mensagem ou a rejeitou....

PRESEPADA DA SEMANA

Por Marcelo Zelic A Farsa montada pela equipe da campanha do candidato José Serra sobre a agressão que sofreu no RJ, onde a reportagem do SBT mostra uma bolinha de papel atingindoa cabeça do candidato tucano, foi objeto de catarse coletivo no twitter, dada a transparência da reportagem. A Globo, através do Jornal Nacional, visando desmarcarar o presidente Lula - que durante a tarde havia se pronunciado sugerindo que o Serra pedisse desculpas à nação - convocou um perito para "provar" que o que ela havia anunciado no dia anterior era verdadeiro, ou seja, que o tucano havia sido atingido por uma "bobina de fita crepe", objeto pesado, mostrando inclusive que José Serra havia levado a mão à cabeça no momento seguinte do impacto. Através deste vídeo e somente com as informações editadas pela Globo, SBT e Folha de SP através do UOL, é possível ver de forma clara a manipulação realizada com intuito comprobatório. É um serviço à nação que o jornalista publique ...

20 MINUTOS

Estava eu preparando uma postagem sobre o ato criminoso de militantes nazipetistas contra a integridade física do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, quando vi esse texto no sempre excelente Observatório da Imprensa. Transcrevo-o, e em seguida faço rápido comentário sobre um detalhe omitido pelo autor. Luciano Martins Costa, no Observatório da Imprensa Foi mais ou menos como num jogo de futebol: o zagueiro encosta no atacante, o atacante se atira dentro da área, rolando, se contorcendo, na esperança de que o árbitro apite um pênalti. Mas as câmaras são soberanas. Elas mostram que o zagueiro mal tocou no centroavante, que o atacante se atirou, que não está machucado, que está simulando. Ainda assim, alguns narradores gritam: "Pênalti!". E no dia seguinte, os analistas vão bater boca o dia inteiro: foi, não foi, o juiz acertou, o juiz roubou. Na cena reproduzida pelo Jornal da Record, o candidato José Serra vem caminhando, sorridente, pela rua do comércio de Campo Gran...

ENREDO PARA GARCIA MÁRQUEZ

Dom Bergonzini, bispo da extrema direita num país latinoamericano, encomenda 20 milhões de panfletos que simulam a chancela da Igreja católica para atacar e caluniar a candidata da esquerda nas eleições presidenciais. Um lote do material é descoberto na gráfica da irmã do coordenador da campanha adversária, encabeçada por um falso carola -, um papa hostia de ocasião, apoiado pelos endinheirados e conservadores, cuja hipocrisia explode na figura da esposa, uma bailarina que fez aborto e acusa a adversária do marido de ser "a favor de matar as criancinhas". A imprensa sem escrúpulos resiste em perguntar: "De onde veio o dinheiro, Dom Bergonzini?" Tampouco cogita indagar se o bispo e os donos da gráfica tem contato com outro personagem obscuro, um certo Paulo Preto - que o candidato da hipocrisia conservadora chama de "Paulo afro-descendente". Apontado como o caixa 2 da campanha da direita, Paulo desviou R$ 4 milhões, mas guarda segredos e fez ameaças, obriga...

REPULSA AO SEXO

Por Maria Rita Kehl (*), na Carta Capital . Entre os três candidatos à presidência mais bem colocados nas pesquisas, não sabemos a verdadeira posição de Dilma e de Serra. Declaram-se contrários para não mexer num vespeiro que pode lhes custar votos. Marina, evangélica, talvez diga a verdade. Sua posição é tão conservadora nesse aspecto quanto em relação às pesquisas com transgênicos ou células–tronco. Mas o debate sobre a descriminalização do aborto não pode ser pautado pela corrida eleitoral. Algumas considerações desinteressadas são necessárias, ainda que dolorosas. A começar pelo óbvio: não se trata de ser a favor do aborto. Ninguém é. O aborto é sempre a última saída para uma gravidez indesejada. Não é política de controle de natalidade. Não é curtição de adolescentes irresponsáveis, embora algumas vezes possa resultar disso. É uma escolha dramática para a mulher que engravida e se vê sem condições, psíquicas ou materiais, de assumir a maternidade. Se nenhuma mulher passa impune po...

MOISÉS

O deputado estadual Moisés Diniz (PCdoB) publicou um excelente texto que leva à reflexão sobre o aborto pelas lentes poderosas da metáfora literária. É um retrato vivo, até mesmo emocionante, da subjetividade que ampara o nosso tempo e as nossas convicções quanto a questão é a interrupção violenta da vida de uma nova promessa de ser humano. Quero dizer, em primeiro lugar, que a construção literária é tão poderosa que eu tive a exata impressão de mudar de opinião no instante em que imaginava a pequena Lia no útero materno, a pequena guerrilheira da vida na batalha contra o poderoso Cytotec. Como comentei no Blog do Altino, Moisés tocou numa dimensão da questão, que é a dimensão ético-moral. Somos seres que criam valores, isto é, pensamento simbólico aplicado a julgamentos de valor (moral social). Estes julgamentos são necessários para diferenciar práticas nocivas e práticas válidas na reprodução social. Na dimensão ético-moral, as sociedades disciplinam os indivíduos por meio do culti...

REPLAY

CHOCANDO O OVO...

Por Marcos Dantas, na Agencia Carta Maior “Se Hitler invadisse o inferno, eu me aliaria ao demônio” – assim falou Churchill, o grande líder britânico da Segunda Guerra Mundial, quando lhe questionaram a aliança firmada com Stálin, o grande líder soviético na mesma Guerra, aliança esta decisiva para a derrota da barbárie nazista. Bem que Hitler desejava muito aliar-se aos britânicos. Lamentou explicitamente até o fim da Guerra e da própria vida que os seus “primos” raciais não o tivessem “compreendido”. Não que Hitler e Stálin não tenham, em um dado momento, firmado um pacto de aliança. Mas ambos sabiam que era um pacto de ocasião, a ser rompido na primeira oportunidade, quando um lado, ou outro se julgassem preparados para fazê-lo. Foi rompido por Hitler mas, por efeito, entre tantos outros fatores, também desse pacto, a Guerra acabou vencida por Stálin e seus aliados capitalistas democráticos, Churchill e Roosevelt. Reino Unido, Alemanha, Estados Unidos eram potências capitalistas. A ...

A DEFESA DA VIDA

Há uma série de equívocos no argumento que se diz em "defesa da vida" quando o assunto é descriminalização do aborto no Brasil. A interrupção da gravidez é um direito da mulher em 90% dos países europeus (incluindo a Rússia), nos Estados Unidos, no Canadá e nas regiões mais desenvolvidas da Ásia, como é possível conferir nas áreas em azul do mapa acima (clique nele para ampliar) . O equívoco não está relacionado, ainda com a ignorância sobre as 12 internações por hora no SUS, relacionadas a consequencias de abortos clandestinos (marca que ultrapassa a do câncer de mama), como averiguou reportagem publicada ontem no IG. O maior erro desse argumento é, novamente, de ordem lógica: a defesa da vida não pode ser invocada contra o direito à interrupção da gravidez. Só a ejaculação masculina, necessária à própria gravidez, elimina de 200 a 600 milhões de espermatozóides , organismos unicelulares... e vivos! São vivos, ainda: bananas, alfaces, carnes, feijão, arroz... em suma, tod...

MULHERES CONTRA O AIATOLÁ

Por Fátima Oliveira (*), no Viomundo “Isso aqui”, o Brasil, não é um colônia religiosa, não é um Reino e nem um Império, é uma República! Dado o clima do segundo turno das eleições presidenciais brasileiras, parece que as urnas vão parir uma Rainha ou um Rei de Sabá, uma Imperatriz ou um Imperador, que tudo pode, manda em tudo e que suas vontades e ideias, automática e obrigatoriamente, viram lei! Não é bem assim… Bastam dois neurônios íntegros para nos darmos conta que o macabro leilão de ovários (com os ovários de todas as brasileiras!), em que o aborto virou cortina de fumaça, objetiva encobrir o discurso necessário para o povo brasileiro do que significa, timtim por timtim, eleger Dilma ou Serra. No tema do aborto a tendência mundial é, no mínimo, o aumento dos permissivos legais, que no Brasil são dois, desde 1940: gravidez resultante de estupro e risco de vida da gestante. Pontuando que legalização do aborto ou o acesso a um permissivo legal existente não significa jamais a obri...

OS 45 ESCÂNDALOS DE FHC

O documento "O Brasil não esquecerá - 45 escândalos que marcaram o governo FHC", de julho de 2002, é um trabalho da Liderança do PT na Câmara Federal de Deputados. O objetivo do levantamento de ações e omissões dos últimos sete anos e meio do governo FHC, segundo o então líder do PT, deputado João Paulo (SP), não é fazer denúncia, chantagem ou ataque. "Estamos fazendo um balanço ético para que a avaliação da sociedade não se restrinja às questões econômicas", argumentou. Entres os 45 pontos estão os casos Sudam, Sivam, Proer, caixa-dois de campanhas, TRT paulista, calote no Fundef, mudanças na CLT, intervenção na Previ e erros do Banco Central. A intenção da Revista Consciência.Net em divulgar tal documento não é apagar ou minimizar os erros do governo que se seguiu, mas urge deixar este passado obscuro bem registrado. Leia na Consciencia.net .

O PROGRESSO CHEGOU!

Vai repercutir por muito tempo, de várias e inacreditáveis formas, a decisão judicial que criminalizou a greve dos trabalhadores do transporte "público" em Rio Branco, em junho desse ano. Motoristas e cobradores, alguns membros da diretoria do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte de Passageiros e Cargas do Acre (Sinttpac), foram demitidos depois que a Justiça considerou a greve abusiva. O primeiro sintoma já se fez sentir na paralisação dos bancários, iniciada ontem: escaldados com as demissões, os trabalhadores desse setor não duvidaram em furar a greve . Não querem ter o mesmo destino dos colegas, já que têm contas a pagar e famílias a sustentar. O Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários (Seebac) não admite, mas a dificuldade do movimento salta aos olhos de quem passa pela Praça dos Povos da Floresta , no centro de Rio Branco, onde ocorre a concentração. Duas dúzias de pais e mães de família insistem em reivindicar seus direitos. Dos demais, não se sabe...

LIBERALISMO: HECATOMBE SOCIAL

" A questão social é um caso de polícia! " - esta frase, atribuída a Washington Luís, presidente da República de 1926 até a sua deposição em 1930, é geralmente apontada como o sintoma de como as questões relativas ao trabalho (a "questão social") eram descuidadas pelo Estado, durante o período da chamada República Velha (1889-1930). E, de fato, a questão social era um caso de polícia. As greves e outras manifestações operárias eram violentamente reprimidas pela polícia, provocando prisões, feridos e mortes; os sindicatos eram invadidos e fechados; as redações dos jornais operários eram empasteladas; militantes estrangeiros eram expulsos do país pela força da lei (as leis Adolfo Gordo de 1907 e 1921). Mesmo os não estrangeiros sofriam deportações para regiões longínquas do país, e, durante o estado de sítio que se prolongou de 1922 a 1926, centenas de operários foram confinados na colônia do Centro Agrícola Clevelândia, às margens do rio Oiapoque, na fronteira com a ...

TRADIÇÃO AUTORITÁRIA

As sociedades reproduzem em suas vivências os valores cultivados como normas ao longo da sua história. Se toda a organização social bebe de alguma forma no seu próprio passado, tanto o distante quanto o recente, como é possível a organização de sociedades mais justas ou éticas no presente? Tomemos como exemplo a "discussão" sobre o aborto. Do ponto de vista democrático é correto que uma mulher possa ter o direito de interromper a gravidez se assim o decidir. Trata-se de um raciocínio óbvio: se uma mulher é um ser racional e o aborto é uma prática agressiva contra o corpo e a mente, causando sofrimento físico e emocional, a decisão que opta pelo aborto, uma decisão consequentemente sofrida, tensionada, deve obter do Estado o aparato público necessário à sua consumação. A falsa idéia de que a concessão desse direito fará com que as mulheres recorram intermitentemente ao SUS, já que a regulamentação do aborto impedirá a criminalização de médicos e pacientes, precisa de um único ...