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Mostrando postagens de abril, 2011

1º DE MAIO: UMA HISTÓRIA

Um dia de rebelião, não de descanso! Um dia não ordenado pelos indignos porta-vozes das instituições, que trazem os trabalhadores encadeados! Um dia no qual o trabalhador faça suas próprias leis e tenha o poder de executá-las! Tudo sem o consentimento nem a aprovação dos que oprimem e governam. Um dia no qual com tremenda força o exército unido dos trabalhadores se mobilize contra os que hoje dominam o destino dos povos de todas as nações. Um día de protesto contra a opressão e a tirania, contra a ignorância e as guerras de todo tipo. Um día para começar a desfrutar de oito horas de trabalho, oito horas de descanso e oito horas para o que nos der gana. (Panfleto que circulava em Chicago em 1885) Da Fundação Lauro Campos 4 de maio de 1886, Praça de Haymarket, Chicago A cada ano, o 1 o de Maio rememora o assassinato de cinco sindicalistas norte-americanos, em 1886, numa das maiores mobilizações operárias celebradas naquele país, reivindicando a jornada laboral de o...

CIVILIZAÇÃO OU BARBÁRIE

Por Emir Sader, na Carta Maior Esse é o lema predominante no capitalismo contemporâneo. Universalizado a partir da Europa ocidental, o capitalismo desqualificou a todas outras civilizações como ‘bárbaras”. A ponto que, como denuncia em um livro fundamental, Orientalismo , Edward Said, o Ocidente forjou uma noção de Oriente, que amalgama tudo o que não é Ocidente: mundo árabe, japonês, chinês, indiano, africano, etc. etc. Fizeram Ocidente sinônimo de civilização e Oriente, o resto, idêntico a barbárie. No cinema, na literatura, nos discursos, civilização é identificada com a civilização da Europa ocidental – a que se acrescentou a dos EUA posteriormente. Brancos, cristãos, anglo-saxões, protestantes – sinônimo de civilizados. Foram o eixo da colonização da periferia, a quem queriam trazer sua “civilização”. Foram colonizadores e imperialistas. Os EUA se encarregaram de globalizar a visão racista do mundo, através de Hollywood. Os filmes de far west contavam como gesto de civilizaç...

COMEÇAR DO COMEÇO DE NOVO

De Slavoj Žižek, via Blog da Boitempo Existe uma anedota (apócrifa, é verdade) sobre a troca de telegramas entre quartéis generais alemães e austríacos durante a Primeira Guerra Mundial: os alemães mandam uma mensagem: “aqui, de nosso lado do front, a situação é séria, mas não catastrófica”, a que respondem os austríacos: “aqui, a situação é catastrófica, mas não séria”. Não seria esta a maneira como nós, cada vez mais, ao menos no mundo desenvolvido, nos relacionamos com nossa situação global? Todos nós sabemos sobre a catástrofe iminente – ecológica, social –, mas de alguma forma não podemos levá-la a sério. Em psicanálise chamamos esta atitude de virada fetichista: Eu sei muito bem, mas… (eu não acredito realmente), e tal virada é a clara indicação da força material da ideologia, que nos faz recusar aquilo que vemos e que sabemos. Como chegamos até aqui? Quando, em 1922, depois de vencer a Guerra Civil contra todos os adversários, os bolcheviques tiveram de retroceder para a NE...

ENTREVISTA COM HITLER

Entrevista conduzida por George Sylvester Viereck, publicada no jornal Liberty, de 9 de julho de 1932 e republicada no livro: ALTMAN, Fábio (org.) A arte da entrevista: uma antologia de 1823 aos nossos dias. São Paulo: Scritta, 1995. Adolf Hitler (1889-1945), o ditador alemão, nasceu na Áustria, filho de um oficial de alfândega. Ainda estudante, sonhava em se tornar arquiteto ou artista - mas seu insucesso acadêmico o levou à política. Com a guerra mundial deflagrada, ele se alistou no Exército da Bavária. Condecorado por heroísmo, Hitler terminou os combates na condição de inválido: atingido por um ataque de gás, perdeu parte de sua visão. Frustrado com a derrota bélica, atribuída por ele aos judeus e aos socialistas, fundou o Partido Alemão Nacional-Socialista dos Trabalhadores. Em 1923, ele participou do putsch da cervejaria, numa tentativa de golpe de Estado contra o governo republicano da Bavária. Encarcerado durante nove meses, Hitler aproveitou esse período par...

GUNS N'ROSES - PATIENCE

A ORIGEM DA DIREITA

Na política a direita não se contrapõe à esquerda, como pensa o senso comum. O isolamento do indivíduo como o único determinante da sua própria natureza é um argumento ideológico, utilizado de duas formas: na política, como muleta para governos que promovem a perda dos direitos básicos dos trabalhadores via desregulamentação, e na economia, como instrumento teórico para camuflar a exploração pelo enriquecimento via acumulação de trabalho alheio. Nesta entrevista ao jornal francês L'Humanité , o sociólogo Domenico Losurdo explica como essa opção política se expandiu falsificando o argumento da "liberdade do indivíduo". A tradução em português de Portugal é do site Resistir.info . A relação com o liberalismo é ou deveria ser efectivamente a clivagem estruturante da esquerda francesa e europeia? Domenico Losurdo - Em 1948, a Declaração dos Direitos do Homem estabelecida pela Organização das Nações Unidas reconhecia direitos económicos e sociais (direito à educação...

GASOLINA A 4 CENTAVOS

Na Venezuela do ditador Hugo Chávez. Clique aqui e confira. Na nossa democracia o litro chega a 3,15 na capital acreana - e deve ter novo aumento em breve. Rio Branco fica mais próxima de Caracas que de São Paulo. Consumimos a gasolina mais cara porque não há ligação rodoviária entre as duas cidades. Em 2009, com muita muita resistência dos democratas do PSDB, PPS, PMDB, PTB e DEM, o Congresso brasileiro aprovou a entrada da Venezuela no Mercado Comum do Sul (Mercosul). Não tá na hora, tipo, dessa parceria sair do papel? Hein, Moisés Diniz ?

CUBA E A FOLHA DE S. PAULO

A enorme propaganda contra o regime cubano acabou por criar, como subproduto planejado, uma imagem distorcida sobre os habitantes da Ilha, apresentados ora como guerrilheiros ferozes, desconhecedores de fronteiras, ora como prisioneiros tristes e infelizes de uma ditadura. por Gilson Caroni Filho, via Carta Maior Alaine Gonzáles e Reinel Herrera são trabalhadores autônomos cubanos. Ambos foram escolhidos pela jornalista Flávia Marreiro, enviada especial da Folha de São Paulo a Havana, como personagens errantes de uma economia em frangalhos. Seguindo um padrão de cobertura vigente há 50 anos, a repórter da elabora um texto com pouca informação e direcionamento enviesado, não somente sobre o país, no sentido político e econômico, mas principalmente sobre o povo, sua história, sua cultura e seus hábitos. A enorme propaganda orquestrada contra o regime cubano acabou por criar, como subproduto previsto e planejado, uma imagem distorcida sobre os habitantes da Ilha, apresentados ora co...

ALAGA-SHOW II

Tenho que admitir: merece algum daqueles prêmios de cidadania o atendimento do governo do Estado e da prefeitura da Capital aos desabrigados - 410 famílias de 11 bairros, totalizando 1.715 pessoas nesta quinta-feira (14), segundo o Altino . No Parque de Exposições, onde ficam os abrigos temporários, há médicos, assistentes sociais, cursos profissionalizantes, teatro, palestras sobre direitos trabalhistas e civis, cidadania básica, atividades e brinquedos para as crianças com acompanhamento especializado e até - muito legal isso - um cinema! Além, claro, do básico: água potável e comida. É evidente que nada disso resolve o problema maior, já que este originou-se no mesmo movimento histórico que deu origem ao PT no Acre: a expulsão dos seringueiros e índios de suas terras pelos "paulistas" em meados dos anos 70, sob proteção e incentivo da Ditadura Militar. Só para lembrar: enquanto o PT nascia da resistência organizada dos movimentos sociais rurais com o apoio das maiores ...

ALAGA-SHOW

O rio Acre, como faz há milênios, recebeu nesse ano um grande volume de chuvas e transbordou. Não é inédito, mas provoca uma espécie de transe amnésico-histérico: poucos lembram que todo ano é a mesma coisa, o que muda é a intensidade do fenômeno. "Rio Acre desabriga 20 famílias", "Defesa Civil distribui alimentos e água potável para desabrigados", "nível do rio sobe", "nível do rio desce", "prefeitura distribuirá hipoclorito para famílias atingidas pela enchente", "volta para casa aumenta riscos de infecção por leptospirose, micoses e outras doenças" - são estas, dentre muitas outras, as manchetes dos jornais nessa época do ano. Mas por que não questionar: essas famílias voltam para os bairros alagadiços só para sofrer, todos os anos, as mesmas dificuldades? Elas voltam porque são pobres. Todos os programas habitacionais do governo para pessoas em áreas de risco fundam-se em um único pressuposto: transferir as famílias ...

NENHUMA ESCOLA É ILHA

Reproduzido do blog Tabnarede , via Viomundo Tragédias como a ocorrida na Escola Municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, sempre provocam grande comoção pública, indignação e, obviamente, tristeza pelas muitas crianças perdidas no atentado. Além desses sentimentos, tais fatos provocam também um grande tsunami de “especialistas”, mobilizados em velocidade estonteante pela mídia, para dar laudos e explicações quase matemáticas sobre as motivações do assassino. O atirador Wellington Menezes de Oliveira, segundo as informações desses “cientistas da tragédia” (que variam de “criminólogos” a policiais militares), era tímido, solitário, filho adotivo, “usuário” constante do computador (a “droga” dos tempos modernos segundo os “analistas”), ateu, islâmico, fanático, fundamentalista, portador do vírus da AIDS e, provavelmente, vítima de bullying na escola. Certamente não há como contestar que todo ato humano, e por isso histórico, se explica a partir da análise de uma ...

WHY?

BULLYNG

"Caminar es un peligro y respirar es una hazaña en las grandes ciudad del mundo al revés. Quien no está preso de la necesidad, está preso del miedo: unos no duermen por la ansiedad de tener las cosas que no tienen, y otros no duermen por el pánico de perder las cosas que tienen. El mundo al revés nos entrena para ver al prójimo como una amenaza y no como una promesa, nos reduce a la soledad y nos consuela con drogas químicas y con amigos cibernéticos. Estamos condenados a morirnos de hambre, a morirnos de miedo o a morirnos de aburrimiento, si es que alguna bala perdida no nos abrevia la existencia". Eduardo Galeano, em Patas arriba: la escuela del mundo al revés (disponível aqui ). Imagem do Arte/IG. Adendo : Wellington Menezes de Oliveira, autor dos crimes que que chocaram o país numa escola da Zona Oeste do Rio de Janeiro, na manhã de ontem, era chamado de "Al Qaeda" pelos colegas quando estudava na mesma escola. Wellington, segundo declaraçõe...

ESTADO E AUTORITARISMO

Ideologia de Estado e Autoritarismo no Brasil - Ricardo Silva. Cadernos de Pesquisa, n. 26, Abril de 2001. Download: aqui (pdf, 330 kb) Resumo: A consolidação da democracia no Brasil tem sido objeto da crítica e do ceticismo de uma vertente específica do pensamento político brasileiro. Trata-se de uma modalidade de ideologia de Estado que caracteriza como irrealistas e fadados ao fracasso os ensaios de organização do Estado com base no princípio da soberania popular, considerando a suposta incompatibilidade de tal princípio com as características da formação social brasileira, com o grau de educação política do povo ou com os imperativos da “necessidade econômica”. Trata-se aqui de examinar a estrutura discursiva deste sistema ideológico, focalizando dois momentos distintos de suas mais elaboradas manifestações ao longo do século XX. Argumentar-se-á que as idéias políticas dos economistas Eugênio Gudin e Roberto Campos , desenvolvidas no período de vigência da Constituição d...

A QUESTÃO AGRÁRIA NO ACRE

Dias antes da ocupação das casas - públicas - do Conjunto Wilson Ribeiro terminarem em porrada , levando a imprensa, irritada com a proibição do acesso ao local do crime, a produzir matérias "penosas" sobre o sofrimento de mulheres e crianças e a truculência policial, a TV Gazeta publicou outra reportagem sobre o que se concluiu como a vingança de uma quadrilha ao despejo sofrido após uma tentativa de invasão à Fazenda Jarina, localizada no Km 14 da BR 317. A matéria foi ao ar em 20 de março de 2011 e afirmou resumidamente o seguinte: os invasores eram uma quadrilha especializada em especulação fundiária e subsidiada por sindicatos não nomeados, por sua vez amparados num também suposto obscurantismo jurídico sobre o sindicalismo rural. A reportagem não mostrou o acampamento, nem invasores ou os patrocinadores. Não precisou. As acusações foram disparadas pelo dono da propriedade (um empresário, idoso, empreendedor, um homem de bem), que a reportagem tomou como verdadeira...