quarta-feira, 6 de abril de 2011

ESTADO E AUTORITARISMO

Ideologia de Estado e Autoritarismo no Brasil - Ricardo Silva. Cadernos de Pesquisa, n. 26, Abril de 2001.


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Resumo: A consolidação da democracia no Brasil tem sido objeto da crítica e do ceticismo de uma vertente específica do pensamento político brasileiro. Trata-se de uma modalidade de ideologia de Estado que caracteriza como irrealistas e fadados ao fracasso os ensaios de organização do Estado com base no princípio da soberania popular, considerando a suposta incompatibilidade de tal princípio com as características da formação social brasileira, com o grau de educação política do povo ou com os imperativos da “necessidade econômica”.

Trata-se aqui de examinar a estrutura discursiva deste sistema ideológico, focalizando dois momentos distintos de suas mais elaboradas manifestações ao longo do século XX. Argumentar-se-á que as idéias políticas dos economistas Eugênio Gudin e Roberto Campos, desenvolvidas no período de vigência da Constituição de 1946, recriam e atualizam o sistema ideológico cristalizado na obra de sociólogos como Oliveira Viana e Azevedo Amaral, críticos veementes do constitucionalismo liberal e apologistas da Constituição autoritária de 1937.

Para além das notáveis diferenças retóricas que dão forma às idéias políticas destas duas gerações de pensadores, podemos notar que ambas tem em comum o fato de se apresentarem como racionalizações de uma ordem política simultaneamente estatista, tecnocrática e desmobilizadora.

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