sexta-feira, 28 de novembro de 2008

SINJAC DENUNCIA TV GAZETA

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Acre (Sinjac) registrou manhã de hoje (27) uma denúncia no Ministério do Trabalho contra a TV Gazeta por descumprimento de acordo coletivo firmado há quatro anos.

O acordo referente ao auxílio universitário, no qual todas as emissoras de televisão e jornais impressos devem garantir o auxílio universitário de 50% do valor da mensalidade do curso de Jornalismo, deixou de ser cumprido pela TV Gazeta desde julho deste ano.

Segundo a cláusula 32ª do acordo, o descumprimento de qualquer das cláusulas constante na convenção coletiva implicará em multa de 17 salários mínimos. Com base na documentação, o sindicato busca por meios legais defender os direitos de todos os jornalistas que sejam contratados das empresas que participaram da assinatura do pacto.


Fonte: Sinjac

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Todos os anos, em abril e maio, a diretoria do Sinjac inicia uma série de reuniões com os donos das empresas de comunicação locais. O objetivo é aprovar a convenção coletiva anual, um documento que regulamenta vários direitos aprovados nas assembléias sindicais.

Isso, em tese.

Na prática as reuniões são invariavelmente conduzidas unicamente pelo presidente do sindicato, Marcão, e pelos proprietários que também invariavelmente relutam em subscrever o documento. Alguns nem mesmo subscrevem, como é o caso de Eli Assem de Carvalho, dono do jornal A Tribuna e da Rádio Alvorada, deixando os funcionários dessas empresas sem a cobertura de vários direitos.

Pode não parecer, mas a ausência dos demais jornalistas nessas reuniões deliberativas e a atitude infantil de alguns patrões estão ligadas: ambas são subprodutos da hiper-exploração dos profissionais de imprensa. Além de acumular vários cargos, a maioria tem uma jornada muito maior que a máxima legalmente permitida - hoje de 7 horas diárias - e de quebra ainda faz "bicos" em outras empresas.

Com essa jornada não é de espantar que ninguém compareça às assembléias. É óbvio. Se todas as necessidades individuais, inclusive a realização profissional, são satisfeitas sem a intermediação do sindicato, pra que participar de assembléias maçantes e nem sempre conclusivas?

Para ganhar efetividade, incluindo a participação nas reuniões de abril e maio, o Sinjac precisará reformular o exercício da profissão. Nesse sentido, uma questão histórica merece ser considerada.

Nos corredores e salas das empresas jornalísticas ainda ouve-se o velho paradigma de que "repórter é repórter 24 horas ao dia", como se o mesmo não se aplicasse a professores, médicos, sociólogos, enfim, a qualquer profissão, com o importante detalhe de que estes não usam tal argumento para justificar a sua própria exploração.

O mito do "repórter 24 horas", por si só, evidencia o fundamento histórico não só do jornalismo, mas de toda a economia acreana: o tradicional coronelismo de barranco, que usa a voz da própria autoridade como estratégia para manter escravizados seringueiros dentro de um modo de produção que em tudo beneficia apenas aos patrões.

O modo de produção dos nossos jornais é a reprodução histórica do modo de produção dos nossos seringais.

O jornalista acreano é um seringueiro pós-moderno.

Portanto, para ter efetividade na categoria o Sinjac precisará primeiro insurgir-se contra ela, no sentido de extingüir a herança cultural da hiper-exploração, que hoje é autojustificada, já que muitos jornalistas a defendem. Estes, porém, esquecem que seu dever e sua pavoneada "competência" não são apenas para a sua própria realização pessoal ou financeira. São primeiro para a vida social, a voz dos que não têm voz: o Contra-Poder.

Por isso, uma mudança real dessa situação não dependerá apenas de ações sindicais. É preciso que cada jornalista substitua pessoalmente o paradigma da hiper-exploração pelo de Quarto Poder, isto é, a consciência de que o jornalismo tem um dever prioritariamente social. Isso faz todo o sentido em um Estado cujo povo sempre foi excluído, manobrado e tão hiper-explorado quanto o próprio profissional de imprensa - que, aliás, exerce sua função em empresas construídas e mantidas às custas do dinheiro do contribuinte!

Assim, que tipo de jornalismo pode ser o mais responsável senão aquele que denuncia os crimes e exige a reparação de injustiças históricas? E, por outro lado, como exercer esse jornalismo socialmente engajado - uma vez que, como sabemos, a imparcialidade jornalística é um mito historicamente datado - se cada profissional estiver correndo atrás da sua "realização" isolado, divorciado do seu sindicato?

A luta de cada jornalista precisa se tornar a luta da sua categoria. Para isso, porém, cada jornalista terá que inverter a sua herança histórica e começar a cobiçar a liberdade coletiva.

E isso não se faz fora do sindicato.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

CORTADOR DE CANA APRESENTA SINTOMAS DE EXAUSTÃO E OUTRAS DOENÇAS

Por dia, trabalhador flexiona a coluna 3.994 vezes e faz o movimento para cortar outras 3.792, em pé ou curvado. Ministério Público do Trabalho de Campinas suspeita de morte causada pelo trabalho no canavial.


Estudo brasileiro apresentado durante o 30º Congresso Mundial de Medicina do Esporte observou que um cortador de cana, ao longo das 8h de sua jornada de trabalho, flexiona a coluna 3.994 vezes e faz o movimento de corte da cana outras 3.792. Além disso, na maior parte do tempo, o trabalhador permanece em pé (45%) ou curvado (43%).

“Observou-se que o cortador de cana de açúcar apresenta sintomas de exaustão e outras enfermidades causadas pela dificuldade de execução do seu trabalho”, destaca o pôster da pesquisa conduzida por Erivelton Fontana de Laat, da Universidade Estadual do Centro-Oeste (Irati, Paraná), e Rodolfo Andrade de Gouveia Vilela, da Universidade Metodista de Piracicaba (São Paulo).

De acordo com o texto, desde 2004, o Ministério Público do Trabalho da cidade de Campinas (SP) suspeita que o falecimento de 13 trabalhadores naquele ano tem relação com as condições de trabalho. “Além do fato de que podem ter levado à morte por exaustão, tais condições são baseadas em um sistema de pagamento por produção, sem descanso, o que pode agravar o risco de acidente e de fadiga prematura”, dizem os pesquisadores.

O estudo foi realizado com base na gravação em vídeo com uma câmera digital da jornada de trabalho de um cortador de cana. Feito isso, os pesquisadores registraram e calcularam todos os movimentos feitos por ele ao longo desse período, utilizando categorias como: “abraçar”, “corte”, “jogar”, “andar”, “balançar”, “parar”, “em pé”, entre outros.

Os autores pontuam que, no Brasil, o corte da cana de açúcar é feito manualmente e realizado sob altas temperaturas, com roupa pesada e uma jornada de 8 horas diárias.

"Estes resultados servem de alerta aos responsáveis pela organização do trabalho e da produção, principalmente levando-se em consideração os efeitos que tais atividades intensificadas pelo pagamento por produção têm causado à saúde dos trabalhadores”" concluem Erivelton Laat e Rodolfo Vilela, lembrando que os trabalhadores das plantações de cana, muitas vezes, recebem por quantidade de cana cortada.


Fonte: Agência Notisa de Jornalismo Científico


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Enquanto isso, no Acre, o partido "dos trabalhadores" jacta-se de aplicar dinheiro público - R$ 2,7 milhões, para ser mais exato - para que empresas privadas explorem o "mercado potencial do etanol brasileiro". É esse o "desenvolvimento sustentável" que vamos ter?

Se for, vale lembrar que isso nada tem de "desenvolvimento" e muito menos de "sustentável". Trata-se do velho modelo de concentração de renda às custas do esforço e da saúde de uma massa de trabalhadores sub-assalariados, agora com um verniz pseudo-ambiental (no caso da Alcoolverde, nem isso!)

Nesse modelo a geração de riquezas é social, mas a apropriação é privada, destinada à especulação financeira ou ao bem-estar pessoal de uma casta minúscula de proprietários. A esperada qualidade de vida que deveria garantir a cada trabalhador um trabalho prazeroso e produtivo simplesmente não ocorre, pois o produto do trabalho é destinado ao enriquecimento de terceiros!

Esse modelo é excludente, pois concentra renda na medida em que explora os trabalhadores que a produzem. Não é por outro motivo que todas - TODAS - as capitais brasileiras, e também estrangeiras, têm enormes bolsões de miséria em torno de seus centros comerciais. Trata-se de uma relação de dependência e exclusão, na qual o penalizado é o trabalhador e sua família!

Esse modelo de desenvolvimento é desnecessário. É uma sustentabilidade que não se sustenta nos próprios pés...

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

OS DEMÔNIOS DESCEM DO NORTE

Os movimentos autônomos de cunho religioso, notadamente os de cunho pentecostal e neopentecostal surgidos nos EUA desde meados do século XIX até a atualidade, são subprodutos de um capitalismo que necessitava de uma base ideológica para se sustentar em seus desatinos de exploração e criação de subsistemas para alimentar os mecanismos de dominação ideológica e manutenção de poderes da matriz do grande capital - os Estados Unidos.

Na década de 70 praticamente todos os paises da América Latina estavam sob o domínio de sanguinárias ditaduras militares, cuja ideologia de cunho fascista era a resposta política à ameaça da Revolução Cubana que pretendia se expandir para outros países do subcontinente.

Era o tempo da Teologia da Libertação, que, com seu viés ideológico de matriz marxista, contribuiu de forma efetiva para a organização dos trabalhadores e dos camponeses em sindicatos e movimentos agrários que restaram depois na criação do PT e do Movimento dos Sem-Terra (MST).

A ação dessas alas da Igreja Católica era uma ameaça aos planos dos militares voltados para a manutenção dos interesses americanos no Brasil, seguindo a ideologia do capitalismo americano, intervencionista e excludente, que pretendia manter o subcontinente longe das ameaças de Fidel Castro e de sua luta de comunização da América Latina.

Entra em cena a CIA e a facilitação da implantação das seitas eletrônicas americanas em terras latino americanas como uma reação ao “perigo” que representava a Teologia da Libertação e a organização popular que os padres e bispos que seguiam esse movimento teológico promoviam, por meio das CEBs, do sindicalismo e da organização dos trabalhadores rurais.

A resposta americana foi a facilitação e mesmo o financiamento das seitas evangélicas copiadas do modelo americano, forjados pelos pastores eletrônicos que além de manterem multidões alienadas propagavam a ideologia do ocidente cristão contra o demônio do comunismo soviético.

Isso caiu como uma luva nos interesses dos generais brasileiros e vemos aí a expansão das seitas como Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Quadrangular, Renascer em Cristo e outras seitas, nitidamente cópias das similares americanas que buscavam o enriquecimento de seus líderes e a desarticulação de toda a organização popular trazida pela Teologia da Libertação.

Porém, da Teologia da Libertação nasceram o PT (o antigo, ideológico, não-fisiologista), os movimentos camponeses de luta pela terra, as pastorais como a da Criança e várias outras organizações populares que acabaram por derrotar os generais e implantar o Estado de Direito no Brasil. Enquanto as seitas, livres da “missão” de ser freio à expansão “comunista”, enveredaram pelo caminho da corrupção de suas lideranças e pelo enriquecimento ilícito e estelionatário de seus lideres mais famosos.

Portanto, é fácil entender a expansão dessas e de outras seitas evangélicas neopentecostais no Brasil, é fácil perceber que de Deus isso tem muito pouco e tem muito de reprodução do pior do capitalismo, aquele que só sobrevive da exploração financeira das pessoas em detrimento do enriquecimento de uma classe dominante que aqui podemos chamar a Burguesia dos Pastores Eletrônicos às custas da classe operária evangélica, tão ironicamente chamada nessas mesmas igrejas de “obreiros” e “fiéis”.

Você se percebe nesta trama?

Para quem quiser saber mais sobre essa análise conjuntural eu recomendo um livro muito interessante com o título: "Os demônios descem do norte" (foto), adaptação da Tese de Doutorado em Sociologia de Delcio Monteiro de Lima.


Fonte: Blog Papo Cabeça/Santarém

Para baixar o livro (em formato .doc) clique aqui.

Para comprar o livro clique aqui, aqui ou aqui.

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

LIBERDADE DE IMPRENSA

A imprensa livre que é má não corresponde à essência do seu caráter. A imprensa censurada, com sua hipocrisia, sua falta de caráter, sua linguagem de eunuco, seu rabo de cachorro constantemente em movimento, personifica somente as íntimas condições da sua existência.
(...)
A imprensa censurada é que produz um efeito desmoralizador. O vício da hipocrisia é inseparável dela e, além disso, é desse vício que surgem todos os seus outros defeitos, pois inclusive sua capacidade de virtude básica perde-se através do revoltante vício da passividade, mesmo se visto esteticamente. O governo ouve somente sua própria voz; sabe que ouve somente a sua voz; entretanto, tenta convencer-se de que ouve a voz do povo, e exige a mesma coisa do povo. O povo, portanto, cai parcialmente numa superstição política, parcialmente na heregia política, ou isola-se totalmente da vida política, tornando-se uma multidão privada.

Na medida em que a imprensa elogia diariamente as criações da vontade do governo, na medida em que o próprio Deus manifestou-se da seguinte forma sobre a sua criação, no sexto dia: "Verdadeiramente, foi muito bom", na medida em que um dia necessariamente contradiz o outro, a imprensa mente constantemente e deve rejeitar a consciência de que mente, escondendo assim sua própria vergonha.

Na medida em que as pessoas são obrigadas a considerar ilegais os artigos livres, acostumam-se a considerar o ilegal como livre, a liberdade como ilegal, e o legal como o não-livre. Por isso, a censura mata o espírito político. - MARX, Karl. Debates sobre a liberdade de imprensa e comunicação. In: Liberdade de Imprensa, L&PM, 2006.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

INCOMPREENSÍVEL VIOLÊNCIA...

Não gosto de usar esse espaço para atacar colegas de profissão, pois sei dos interesses que se coadunam por trás das atitudes, declarações, omissões e merchandisings dos colegas jornalistas. Interesses que têm a salvaguarda de um imenso aparato jurídico-político e que para atingir os seus objetivos instrumentalizam um irresistível poder de coerção, exclusão e opressão.

Entretanto, não consigo entender o motivo dessa conjuntura - claramente violenta para a nossa categoria - não criar em muitos jornalistas uma atitude empática, ou pelo menos crítica, no trato com o tema da violência no restante da sociedade.

Todos os dias nossas TVs, jornais e rádios noticiam roubos, furtos, estupros, assassinatos e outros crimes, mas o tom adotado nessas narrativas é sempre o mesmo: o de uma incompreensível nuvem de violência que está a nublar o céu da felicidade acreana.

Desde Durkheim sabe-se que o crime é um fato social, isto é, um fenômeno que se organiza em determinada correlação de forças dentro da sociedade. Trata-se de uma conseqüência, não de uma causa. Trata-se também de uma questão lógica: se vivemos em sociedade e temos direitos e deveres, o que acontece quando os deveres exigem a perda de direitos?

A resposta é: o crime. No exemplo da violência para com o jornalista, exercida dentro das redações pela impostura de linhas editoriais, manuais normativos e todo tipo de censura prévia ou póstuma contribuem para a transição do jornalismo do papel de Contra-Poder (o poder do povo) para o papel de mero papagaio dos demais poderes.

Isso é um crime? Sim, é um duplo crime: contra a ética jornalística e contra a ética humana.

É crime contra a ética jornalística porque substitui o conteúdo pela forma, a essência pela aparência, a crítica pela narrativa e a própria ética pela estética! E crime contra a ética humana porque, longe de abstrair de si todos os valores de crítica engajada, socialmente referendada, utiliza esses princípios para comercializar prestígio político e interesses financeiros - estranhos ao profissional jornalista!

A imprensa acreana, portanto, reproduz em sua existência íntima os princípios elementares da violência e do crime de cuja profusão tanto se espanta nas esquinas, bares, lares e bairros de Rio Branco. Pior: a imprensa ignora não só a sua existência enquanto resultado de uma tradição política e empresarial corrupta, como a existência social enquanto resultado de ondas sucessivas de exploração, exclusão e produção da miséria ao longo de décadas.

Se a exploração íntima da imprensa está ligada aos poderes que a alimentam, a exploração social, de onde brota o crime que vira notícia, é a ação histórica e viva desses poderes.

Assim, para iniciar o exame da violência que reproduz diariamente a imprensa teria que produzir inicialmente o exame da sua própria origem. A origem da imprensa e a origem da violência são a mesma coisa, pois estão ligadas pela história da mesma forma que o crime se manifesta na sociedade em que se desenvolve.

Ou podemos esquecer que a miséria e a carnificina deram origem ao Acre?

Como esquecer o violento processo de formação e "independência" do que hoje se chama povo acreano? Como esquecer que o governo transladou para a floresta, sem direito a retorno, 75 mil nordestinos para abastecer de borracha a máquina bélica dos EUA na 2ª Grande Guerra? Como esquecer os empates, genocídios e fugas de famílias que deram origem a 99% dos bairros de Rio Branco?

A violência é o que nos designa como sociedade. Está em nossa gênese. O crime nunca foi exceção, foi a regra que formulou todas as fortunas acreanas ao custo de uma miséria minuciosa e sistematicamente amordaçada, silenciada e marginalizada pelos mesmos esquemas de poderes dos quais a imprensa é porta-voz!

Para que alguns empresários pudessem arrotar caviar nos hotéis de seis estrelas de Dubai, nos Emirados Árabes, foi necessário que a maior parte da sociedade sangrasse.

Assim, como não compreender a explosão da violência em nosso Acre?

E finalmente, meus amigos, por que não lutar contra ela?

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

DIAGNÓSTICO INÚTIL, O PACIENTE ESTÁ MORTO

Clinicamente morto. Nosso paciente é a mídia (conjunto de meios de comunicação), a intermediária entre sociedade e realidade.

Enquanto a realidade muda com velocidade cada vez maior, a sociedade brasileira oferece claros indícios de entorpecimento. Não se surpreende, não enxerga o insólito, não se importa, não se indigna nem se deixa convocar para coisa alguma. Só se mexe movida por lances passionais, condicionada há décadas pela estrutura narrativa dos folhetins televisivos.

Nossa mídia não discute a mídia e, com isto, descumpre sua obrigação maior de servir à sociedade porque a discussão sobre a mídia é essencial para definir os seus padrões de discernimento.


Texto de Alberto Dines. Continue lendo no Observatório da Imprensa.

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Postei esse texto em homenagem ao excelente repórter fotográfico e meu amigo Marcos Vicentti, presidente do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Acre (Sinjac), que em entrevista ao também repórter Jorge Henrique, exibida ontem pela TV Aldeia, afirmou não saber o motivo do jornalismo acreano não ter um "diferencial".

Marcão, a imprensa não tem diferencial porque também perdeu o eixo... e não foi só no Acre!

terça-feira, 18 de novembro de 2008

DINHEIRO É DÍVIDA



Quem cria o dinheiro? A resposta está acima, no ótimo filme Diñero es Deuda, de Paul Grignon. Com 47 minutos, o filme está dublado e legendado em espanhol.


Quem preferir pode fazer o download (no formato .mp4) e assistir depois no computador. Basta clicar aqui e, no painel à direita da janela que se abrirá, clicar em Download video - iPod/PSP.

Acreditem, a explicação academicamente correta está muito, mas muito distante, das pérolas que os "comentaristas econômicos" muito bem-pagos soltam nos canais de TV (também muito bem-pagos, diga-se de passagem...).

Quem quiser se aprofundar no tema - a origem do dinheiro - pode ler também:

- O banco central dos EUA: O templo e os seus segredos sujos

- Custos, malfeitorias e perigos do dólar

- Segredos do dinheiro, dos juros e da inflação

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

UMA PROPOSTA PARA O SINJAC

Martim Martiniano, um dos acusados de envolvimento no assassinato do médico Abib Cury, concedeu uma entrevista coletiva aos jornalistas de Rio Branco. Novamente nem os repórteres nem o próprio acusado usaram a expressão "Estado Maior" para designar o grupo de empresários que teria encomendado o assassinato.

Entretanto, de acordo com o Ministério Público Estadual (MPE) e segundo o que o próprio Martiniano deu a entender, há mais empresários envolvidos e que devem ser presos. Por isso dou aqui uma sugestão ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Acre (Sinjac): a ocupação, pelos funcionários, das empresas jornalísticas cujos proprietários estejam envolvidos no crime.

Se é um crime contra o cidadão e a democracia a criação de uma empresa privada com dinheiro do contribuinte, o que podemos dizer da sua manutenção às custas de execuções sumárias?

Tomar as empresas envolvidas é o mínimo que os trabalhadores podem e devem fazer, dada a origem de praticamente todos os jornais acreanos. Além disso, não é preciso lembrar que todos os jornais, indistintamente, se mantêm também com dinheiro público!


Ocupar as empresas e administrá-las coletivamente, como categoria, é a única forma de devolver ao povo acreano ao menos parte do investimento público milionário que legal ou ilegalmente é feito há vários governos. É dever do Sinjac legalizar esse investimento público, mantendo-o e prestando contas para a sociedade. Isso é o mínimo que profissionais de imprensa podem fazer pela combalida ética - política e profissional.

sexta-feira, 14 de novembro de 2008

IGNACY SACHS PROPÕE "OUTRA AMAZÔNIA"

O pesquisador fará conferência aberta ao público segunda-feira (17/11), em São Paulo. Para ele, floresta pode ser um grande laboratório da civilização pós-petróleo; mas para impedir a devastação é preciso passar da denúncia às alternativas.

A banca de debatedores inclui MST, Greenpeace, Ladislau Dowbor e empresários.



Leia mais no Diplô Brasil.

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Fico imaginando o que Sachs, um dos primeiros a utilizar a expressão "desenvolvimento sustentável" como novo paradigma de civilização - ou bio-civilização, como afirma o texto do Diplô -, pensaria da prospecção de petróleo e do cultivo de cana-de-açúcar na "terra-de-galvez-e-chico-mendes".

Não por acaso, movimentos sociais camponeses e vários trabalhos acadêmicos vêm denunciando esse "desenvolvimento" como um redondíssimo equívoco de cientistas bem-intencionados e instituições multilaterais de financiamento profundamente - digamos - tensionadas pelos governos e empresários que as mantêm.

Também não por acaso, o Programa de Desenvolvimento Sustentável (PDS) do Acre, em curso desde 1999, é financiado pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O mesmo banco que na Ditadura Militar emprestou dinheiro aos generais para estimular a ocupação do "vazio demográfico" da Amazônia. O resultado foi o modelo de desenvolvimento que gerou os empates, o assassinato de camponeses e indígenas e a criação de bolsões de miséria nas cidades.


Clique
aqui para conferir uma dissertação de Mestrado sobre o afamado PDS/AC. O texto é de João Veras de Souza e foi apresentado ao Mestrado em Direito da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), sob orientação do Prof. Dr. Rogério Portanova, neste ano.

quinta-feira, 13 de novembro de 2008

QUEM É O "ESTADO-MAIOR"?



A prisão de Martini Martiniano está repercutindo no Acre não exatamente pelo que revela, mas pelo que omite. A existência de um grupo de extermínio incrustado nas altas esferas da sociedade acreana, criado e mantido para eliminar fisicamente qualquer resistência ao seu processo de acumulação primitiva, contraria integralmente o discurso pseudo-civilizatório adotado pelo petismo acreano.

Quem não lembra dos arroubos jorge-vianistas sobre o fim do Esquadrão da Morte e do crime organizado no Acre? Quem não lembra das reportagens imensas, melosas, que trombeteavam o encarceramento do crime organizado e com ele do "passado recente do Acre", esse alegado espinho na carne cuja simples menção a tantos desagrada?

Talvez por isso, mas não somente, a existência de um grupo de empresários com o mesmo modus operandi do antigo Esquadrão da Morte tenha sumido da imprensa local.

A expressão Estado-Maior, nome da suposta organização criminosa montada por empresários - e que seria a verdadeira interessada no assassinato do médico Abib Cury - desapareceu misteriosamente de todos os jornais, agências de notícias e blogs acreanos logo após ter sido mencionada com a prisão do empresário Luiz Figueiredo, ex-presidente da influente Associação Comercial do Acre (Acisa).

Medo? Rabo preso? Mau jornalismo?

Não há como responder. O jornalismo acreano atual é um baú de segredos inconfessáveis. Segredos de alcova, a ponto de levar alguns jornalistas, pressionados entre o dever de informar e o risco de morte, a optar pelo silêncio. É o caso de Roberto Vaz, por exemplo, e vários outros que preferem as brumas do anonimato de assessorias de imprensa.

Já escrevi uma vez aqui e vou repetir: essas relações de produção inviabilizam o trabalho jornalístico. A origem obscura de praticamente todas as empresas de comunicação do Acre, que criaram e determinam essas relações (das quais também se alimentam) só será denunciada, esclarecida e superada quando todos os repórteres e demais trabalhadores de imprensa resolverem superá-la como categoria.

São os profissionais de jornalismo que movimentam as empresas. É o trabalho deles que se submete a péssimas condições de existência, por um lado, e por outro mantém inamovível o atual estado de bovinização do leitor, telespectador e ouvinte em benefício do status quo dos patrões (o que faz todo o sentido diante do silêncio abrupto em torno do "Estado Maior").

Não é à toa que a maioria das empresas de comunicação do Acre conviva com sérias - ainda que surdas e mudas - denúncias de assédio moral ou sexual. Uma vez que a indignidade e a passividade com a própria exploração se estabelecem como normas aparentemente inescapáveis, escancara-se a porta para todos os demais abusos.

A imprensa acreana precisa ser livre, mas essa liberdade não virá como um presente. Ela terá que ser conquistada, exatamente como foram todas as liberdades ao longo da História, inclusive a liberdade de imprensa.

Toda a infra-estrutura das empresas de comunicação, seus equipamentos, seu status, seu patrimônio líquido e bruto, seus investimentos, sua folha de pagamento, seu prestígio, sua influência política, sua "linha editorial" e tudo o mais que lhes possa designar, só é possível pela venda da força de trabalho do jornalista. É pelo esforço diário do repórter e demais trabalhadores em comunicação que todas as empresas se mantêm funcionais.

Os patrões são pouco mais que parasitas: seres que se apropriam dessa força de trabalho para, dizem, "investir": em casas, carros, chácaras, iates, bebedeiras e coisas que o valham.

Portanto, nada mais justo que os profissionais associados expulsem os parasitas e ocupem as fábricas de notícias que mantêm e enriquecem com o seu suor diário. Esta será, em suma, a independência do jornalismo e dos jornalistas do Acre.

Somente uma imprensa livre, formada por trabalhadores de imprensa associados e sem patrões, trataria de investigar a fundo e denunciar quem é o tal Estado Maior - este ser bizarro que desapareceu tão rapidamente quando apareceu nas páginas dos nossos jornais.

Somente uma imprensa livre voltaria a ser, na acepção mais clara e limpa do termo, um Contra-Poder.


O infográfico é da agência virtual ac24horas. Clique aqui e aqui para conferir as matérias que abordam, timidamente, o envolvimento do grupo de empresários no assassinato de Abib Cury.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

10 DIAS COM AS FARC



David Beriain (foto), membro da agência de notícias espanhola ADN, fez uma reportagem onde passou 10 dias acompanhando a realidade do maior e mais antigo movimento guerrilheiro em atividade no mundo.

Os vídeos (em espanhol e sem legendas) estão disponíveis no link abaixo:

http://www.adn.es/mundo/diez_dias_con_las_Farc/

Há ainda fotos e entrevistas que discutem a fundo a questão colombiana. Vale a pena conferir.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

IBAMA SABIA DE ÍNDIOS ISOLADOS AO CONCEDER LICENÇA DE SANTO ANTONIO

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) concedeu as Licenças Prévias para as usinas hidrelétricas do rio Madeira e a Licença de Instalação para Santo Antônio sabendo da existência de índios isolados na área de influência das usinas. A denúncia foi feita pela pesquisadora e ambientalista Telma Delgado Monteiro, com base em um ofício enviado pela Fundação Nacional do Índio (Funai) em 2006 ao Ibama, pedindo a não concessão das licenças.

No mês passado, uma denúncia semelhante feita pelo jornal O Globo já alertava para existência de documentos da Funai que comprovavam a presenças desses índios na área de influência das usinas. Na época, o consórcio Madeira Energia, responsável pela construção de Santo Antônio, se disse surpreso com a informação, e o ministro do Meio Ambiente Carlos Minc disse que esse era um problema da Funai.

Organizações não-governamentais e indígenas também alertavam para a existência de grupos isolados, mas, apesar disso, os Estudos de Impacto Ambiental (Eia/Rima) das usinas não mencionaram os índios, e as licenças foram concedidas. Índios isolados são grupos indígenas que nunca tiveram contato com não-índios e não devem ser contatados, a não ser que estejam sob risco de morte.

No ofício, datado de 25 de outubro de 2006, a Funai diz que "outro aspecto importante é sobre a indicação de existência de índios isolados na área de influência do Complexo Madeira".

Além do ofício, Telma revela um Plano de Trabalho da Funai, datado de julho de 2008, que diz que "dentre as 69 (sessenta e nove) referências existentes, 5 (cinco) estão na área de abrangência da UHE Santo Antônio, nos estados de Rondônia e Amazonas".

O Plano de Trabalho relata que a construção de Santo Antônio deve interferir na região habitada pelos índios isolados. "Com a iminência de construção e operação da UHE Santo Antônio, com interferência direta e indireta em região habitada por índios isolados, as atividades devem ser retomadas e reforçadas: com trabalhos de localização geográficas em expedições terrestres e fluviais, sendo necessários sobrevôos; assim como os trabalhos de fiscalização e vigilância, no período de tempo mais curto possível".


Leia mais clicando aqui.

sexta-feira, 7 de novembro de 2008

COISAS DA DITADURA

Outro dia, conversando com muitas pessoas no messenger, elas ficam me perguntando sobre Cuba. Muitas delas, e eu sei que a culpa não é das mesmas, já tem uma visão pré-concebida da ilha. Alguns falam demonstrando tamanha “propriedade do saber” como se soubessem mais do que eu, que vivo em Cuba – acontece é que essas pessoas estão há alguns milhares de quilômetros do Caribe. Como uma vez me disseram que Fidel Castro é membro da Maçonaria. No mundo circulam muitas histórias, e em cada história muitas versões, e “quem conta um conto, aumenta um ponto”.

Ou então, por brincadeira, disseram que iriam mandar de presente a Fidel Alejandro Castro Ruz, uma bandeira dos Estados Unidos da América (EUA), respondi que tudo bem, afinal na universidade onde eu estudo há muitos estadunidenses. Não só onde eu estou, em Havana, mas por toda a ilha. Acontece que Cuba nada tem contra o povo dos EUA, porque lá há muita gente endo explorada e vítima da miséria. O grande problema é a política imperialista adotada pela elite e pelo governo “yankee”.

É falado dos cubanos que fogem da ilha. É engraçado, porque se um brasileiro vai morar nos EUA, ele não é fugitivo, ele é imigrante. Ou então o grande contingente populacional de mexicanos (muitos clandestinos) que vivem nos EUA. Pode-se falar também aos quantos uruguaios, argentinos, bolivianos que estão no Brasil e não estão legalizados e nem por isso são chamados de fugitivos É fato que na Flórida há muitos canais de rádio que bombardeiam Cuba com idéias anti-revolucionárias e vendendo a ilusão do “AMERICAN DREAM”. É lógico que as pessoas vão ficar curiosas e alimentar essa ilusão. É só atravessar o mar e chegar em Miami, pois está a menos e 150 km do “Perigo Vermelho”. Nos EUA, todo o cubano, que consegue tocar os pés na areia da Flórida pode conseguir seu “GREENCARD”, basta alegar (e somente dessa maneira se consegue) que teve problemas políticos com o regime. Chegam em Miami e vêem que aquilo era só ilusão, trinta dólares mal dá passar dois dias, então ele vê que coisas que ele tinha acesso gratuito como saúde, educação, moradia, onde ele possuía seu emprego garantido, já não é bem assim.

E há pessoas também que crêem com veemência e ainda reproduzem em seus discursos que Cuba vive uma ditadura. Pois bem, isso até soa como piada, em um país onde não há analfabetismo, não há crianças vivendo nas ruas, nem passando fome e também não há idosos nas filas de hospitais. E outra, onde há democracia, porque se Raúl Castro é presidente, houveram eleições para que ele chegasse lá. Ah, algo importante: os membros do parlamento cubano não possuem um salário astronômico, nem auxílio combustível e tão pouco um auxílio para comprar ternos da ARMANI – eles recebem conforme sua profissão, seja m´dico, professor, agricultor, metalúrgico, etc.

Há mercarias que vêm de outros países, mas não podem vir diretamente devido ao bloqueio econômico imposto pelos EUA. Por exemplo, se Cuba compra algumas toneladas de aveia do Chile, essa mercadoria não virá diretamente: primeiro ela deve ser descarregada na Venezuela ou na China, para então, de algum desses dois lugares ela chegar à ilha. Toda essa trajetória desnecessária faz encarecer os preços dos produtos.

E voltando a falar sobre ditadura, que nessa “ditadura” eu estudo medicina de graça, não somente eu, mas também jovens de 21 países da América Latina e EUA na Escuela Latino Americana de Medicina (ELAM). Não se pode esquecer que EUA, El Salvador e Porto Rico não mantém relações diplomáticas com Cuba. Além de estudar de graça, temos moradia, uniformes, material escolar, livros, material de higiene pessoal, quatro refeições diárias e ainda 100 pesos cubanos mensais. A “ditadura” nos oferece tudo isso, agora eu gostaria de saber o que países “livres” como EUA e Brasil fazem para proporcionar uma mínima infra-estrutura aos seus estudantes.


Fonte: Blog Zeca Live in Havana

terça-feira, 4 de novembro de 2008

O CAPITALISMO COMUNITÁRIO E A REPRESSÃO INTELECTUAL

Estamos ingressando em uma nova fase da economia mundial. Um novo mundo. Você é testemunha. Qual é o nexo entre a fusão dos bancos Itaú e Unibanco, a crise econômica e o governo Lula?

A queda do muro de Berlim pôs fim à hegemonia soviética em um terço do planeta. A queda do muro de Wall Street pôs fim simbólico ao domínio unilateral dos Estados Unidos sobre o mundo.

Porém, a marcha para um super-capitalismo vem ininterrupta desde a ascensão de Ronald Reagan e Margaret Tatcher. O capitalismo dos monopólios e oligopólios que acumulam capital sob proteção estatal e com uma progressiva "flexibilização" dos direitos relativos ao trabalho. É óbvio que o governo Lula não é igual ao governo FHC. Mas a tendência central da precarização do mundo do trabalho segue adiante. Ela se deu nos países ricos e continua firme e forte nos países pobres.

O "socialismo do século 21", de Hugo Chávez; o capitalismo comunitário, na versão de inspiração jesuíta do bispo Fernando Lugo, no Paraguai; o "comunitarianismo" de Barack Obama apontam na mesma direção: o estado terá um papel importante para resolver as demandas entre o capital e o trabalho.

Em crise, haverá mais gente disputando menos recursos. A luta política se agudizará em todo o planeta. A criminalização dos movimentos sociais vai se aprofundar. O Jornalismo como atividade fim está em vias de extinção. Em países como o Brasil isso já está demonstrado: a mídia corporativa se tornou, acima de tudo, instrumento de luta política e comercial.

À repressão física, pura e simples, se juntará a "repressão intelectual". Os assassinatos de caráter são um exemplo extremado do modelo que veremos mais e mais. A condenação ao "ostracismo intelectual" será a pena mais grave imposta a gente que pensa. "Rotular e excluir" será o procedimento operacional padrão.

Usando como instrumento principal a internet, o You Tube e os vídeos capturados através de telefones celulares, os novos ativistas sociais deverão se organizar de forma não hierárquica e não centralizada em torno de plataformas políticas suficientemente amplas para atrair gente de todas as idades e origens ideológicas. Em defesa da liberdade de informação, de pensamento, de organização, de manifestação, contra o controle estatal da informação e pelo aprofundamento da democracia. A briga vai ser boa.


Fonte: Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha.

A imagem é do Fotodependente.

sábado, 1 de novembro de 2008

ZEITGEIST ADDENDUM




Continuação do excelente documentário Zeitgeist, criado e distribuído exclusivamente pela internet, e que mostra a causa real da atual crise econômica internacional. Imperdível.

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Na primeira parte de Zeitgeist, o filme-documentário mostra em suas três partes como foi criado o mito do cristianismo, como o 11 de setembro pode ter sido um “trabalho interno” e como grupos que detém o poder econômico e político agem de forma oculta levando à criação do terror como forma de coesão e controle social.

Nesta segunda parte, chamada Addendum, o documentarista Peter Joseph trata de demonstrar como o sistema financeiro foi magistralmente arquitetado para manter o poder (e o dinheiro) nas mãos das mesmas pessoas de sempre, e que o atual sistema fracionário produz um “dinheiro de fumaça”, que na verdade não existe e, em situações como as que vivemos no momento (Crise Econômica Mundial de 2008) não há como fazê-lo aparecer, levando à quebra geral de instituições financeiras e bolsas de valores.

“Ninguém é mais irreversivelmente escravizado do que aqueles que falsamente acreditam ser livres.” Johan Wolfgang von Goethe

“Existem duas formas de conquistar e escravizar uma nação. Uma é pela espada. A outra pela dívida.” John Adams

O mundo globalizado é caracterizado por uma Corporatocracia, governado de fato por instituições como:

- Banco Mundial

- CIA

- FMI

- JP Morgan Chase

- Reserva Federal dos EUA

- OMC

- Exxon

- Halliburton

Em 2007, os EUA destinaram 161,8 bilhões de dólares para a "Guerra contra o terrorismo", que matou uma média de 68 pessoas por ano (dados de 2004), enquanto destinou 2,9 bilhões à prevenção de doença arterial coronariana, causadora de 450 mil mortes por ano.

Os verdadeiros terroristas não gritam Allah Akhbar (ou algo semelhante, por favor me corrijam) antes de cometerem um crime, mas usam ternos de 5 mil dólares e trabalham nas posições mais altas das instituições financeiras e governamentais.

Por cerca de 1980, o Afeganistão produzia 0% da produção mundial de heroína. Em 1986, após o apoio americano contra a Rússia, passou a produzir 40%. Em 1999, este número subiu para 80%. Em 2000, o Taliban subiu ao poder e destruiu quase todos os campos de papoulas, reduzindo a produção de mais de 3000 toneladas para cerca de 185 toneladas, uma redução de 94%. Logo após, os Estados Unidos invadiram o Afeganistão. Hoje a produção de ópio no Afeganistão controlado pelos Estados Unidos provê mais de 90% da heroína mundial, quebrando recordes quase todos os anos.

“Ganância e Competição não são resultado de um temperamento humano imutável. Ganância e medo de escassez estão de fato sendo criadas e amplificadas. A conseqüência direta é que precisamos lutar uns com os outros para sobreviver.” Bernard Lietater, fundador do Sistema Monetário da União Européia

“Nós podemos ou ter democracia neste país ou então grandes quantias concentradas nas mãos de poucos, mas não podemos ter ambos.” Louis Brandnis, Juiz da Suprema Corte

“Meu país é o mundo, e minha religião é fazer o bem.” Thomas Paine.

A única forma de acabar com o sistema corrupto que existe é parar de suportá-lo, enquanto denunciamos suas mazelas.

Um sistema baseado em competição paralisa qualquer possibilidade de um sistema global integrado e sustentável.

Temos que alterar nosso comportamento para forçar as estruturas dominantes a ouvirem o clamor popular. A única forma a fazer isso é parar de colaborar. O sistema deve falhar. As pessoas precisam parar de confiar nos governantes.

Algumas propostas, já sendo postas em prática por indivíduos, organizações não-governamentais e grupos libertários e anarquistas pelo mundo inteiro:

1. Boicote às grandes instituições bancárias

2. Boicote às grandes redes de televisão e comunicação, que passam informações filtradas para manter o status quo – favoreça sites e redes de informação independente.

3. Não permita que sua família ou alguém entre no exército

4. Pare de suportar as empresas de energia, use carros e casas sustentáveis

5. Rejeite o sistema político, transpassando-o com medidas que não exijam o estado

6. Criar massa crítica

Declarar todos os bens nacionais em todos os países como herança natural de todos os homens (Lembrei-me de Proudhon em seu “A Propriedade é um Roubo”).


Fonte: Blog do Rafael Reinehr