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OS DEMÔNIOS DESCEM DO NORTE

Os movimentos autônomos de cunho religioso, notadamente os de cunho pentecostal e neopentecostal surgidos nos EUA desde meados do século XIX até a atualidade, são subprodutos de um capitalismo que necessitava de uma base ideológica para se sustentar em seus desatinos de exploração e criação de subsistemas para alimentar os mecanismos de dominação ideológica e manutenção de poderes da matriz do grande capital - os Estados Unidos. Na década de 70 praticamente todos os paises da América Latina estavam sob o domínio de sanguinárias ditaduras militares, cuja ideologia de cunho fascista era a resposta política à ameaça da Revolução Cubana que pretendia se expandir para outros países do subcontinente. Era o tempo da Teologia da Libertação, que, com seu viés ideológico de matriz marxista, contribuiu de forma efetiva para a organização dos trabalhadores e dos camponeses em sindicatos e movimentos agrários que restaram depois na criação do PT e do Movimento dos Sem-Terra (MST). A ação dess...

A CONSCIÊNCIA E O OLHAR

Indagado por uma pesquisadora sobre o que gostaria de ver na televisão, um jovem engraxate da favela da Rocinha (Rio) responde: "eu". Isto é logo interpretado como uma reivindicação de espaço por parte de "meninos, como ele, na faixa dos 10 aos 18 anos, para os quais não existe nada em termos de teatro, lazer e cinema". A interpretação encaminha claramente a resposta do entrevistado na direção dos interesses de programação da instituição televisiva a que se vincula a pesquisadora. Seria a manifestação do desejo de um telespectador insatisfeito com a oferta habitual de conteúdos da televisão. O atendimento à demanda ratificaria as linhas gerais do juízo de função psicossocial que a organização televisiva costuma fazer sobre si mesma. Entretanto, para melhor entender a natureza do fenômeno da televisão, começaremos tomando ao pé da letra a resposta do pequeno engraxate: ele desejaria ver a si mesmo enquanto indivíduo concreto - não como índice de uma abstrata méd...

A função política das tradições

Muito já se escreveu sobre a recente determinação do Ministério da Educação e Cultura (MEC) para a escolas gravarem os alunos cantando o hino nacional. O que isso tem de errado? Rituais, cerimônias e símbolos fazem parte do funcionamento de todas as sociedades desde tempos imemoriais. Música, pinturas corporais, símbolos da natureza: vale tudo para estabelecer entre os indivíduos a sensação de pertencimento coletivo que une, dá sentido, disciplina os instintos. As sociedades intuem que a submissão das vontades pessoais aos interesses da coletividade é o ponto de partida para o mínimo de convivência ordenada. Desde o fim do século XIX a Ciência Política utiliza a expressão “dominação tradicional” para designar um conjunto de práticas que os Estados tomam para maximizar esta sensação. A literatura acumulada diz que a dominação tradicional não é só uma forma de garantir a união entre as pessoas. É também uma forma do Estado obter legitimidade, isto é, a obediência dos governados....