segunda-feira, 4 de julho de 2011

DESENVOLVIMENTO, IIRSA E ANTI-INDIGENISMO

Três homicídios, dois suicídios e duas tentativas de suicídio, R$ 1,3 milhão para investimentos nas aldeias retidos pelo governo do Estado e pela prefeitura de Rio Branco, denúncias de escambo de álcool por animais silvestres, falta de escolas em várias aldeias, denúncias de desvios de verba e prisão do superintendente da Fundação Nacional do Índio (Funai) pela Polícia Federal. Este é o saldo da "sustentabilidade" na condução das políticas indígenas no Acre, em 2010.

Os números são do relatório "Violência Contra os Povos Indígenas do Brasil", lançado na última quinta (30) pelo Conselho Indigenista Missionário (Cimi), que fez uma radiografia do problema no país.


A violência no Acre é branda se comparada com o contexto explosivo de Estados como Pará, Rondônia, Amapá e outros. Mas as grandes obras da Iniciativa para a Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA) que prometem tirar o Acre "do atraso", da "economia do contracheque" e similares já estão a pleno vapor. Com ela, mais violência e desrespeito aos direitos dos primeiros habitantes do continente.

Da imprensa local, somente o Blog do Lindomar Padilha - que é conselheiro do Cimi no Acre - registrou o lançamento do relatório. O silêncio obsequioso da mídia amazônica contrasta com as publicações alarmadas de outras regiões e até fora do país.

O Brasil de Fato, por exemplo, destacou em matéria de Aline Scarso o aumento do número de mortes de crianças com menos de cinco anos. Algo totalmente contrário às Metas do Milênio da ONU e que fere vários acordos e tratados mundiais.

Segundo o jornal, "foram registradas 92 mortes no ano passado, contra 15 em 2009, o que representa um crescimento de 513%. Das 92 crianças mortas, 60 eram do povo Xavante, localizado no Mato Grosso. As mortes foram causadas por doenças facilmente curáveis como a desnutrição, doenças infecciosas e respiratórias, apesar da situação de descaso à saúde desse povo já ter sido denunciada em relatório anterior."

Veja a matéria completa clicando aqui.

Em pouco tempo, sob patrocínio do Estado-democrático-de-direito, a pretexto de desenvolver e levar qualidade de vida, a transformação de índios em força bruta para as redes varejistas do mercado estará completa tanto quanto hoje, entre os demais segmentos étnicos. Como entre os filhos dos seringueiros, quem resistir, quem não se integrar, vai virar marginal. E vai aparecer no Gazeta Alerta, no Boa Tarde Rio Branco etc.

Quem for obediente, estudar e conseguir um emprego deve também tomar algum cuidado. Mesmo com desvalorizações salariais, mesmo com a enorme distância entre capital e trabalho, é preciso não entrar em greves redundantes - para não prejudicar a "sociedade", claro.

Sabe-se que o ovo da serpente se nutre da hipocrisia. Da elevação de intere$$es individuai$ à categoria de valores da sociedade.

Mas... que sociedade?

Para baixar o relatório completo (em pdf) clique aqui.

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