Cartaz utilizado em um dos protestos na capital paulista: vai que cola... |
Por José Francisco Neto, no Brasil de Fato
Durante o quinto e o sexto protesto contra o aumento
das tarifas do transporte público em São Paulo, foi notável a
heterogeneidade de reivindicações. A pauta central do Movimento Passe
Livre (MPL), que pede a redução das tarifas, parece estar perdendo a
centralidade. Surgem em meio às manifestações cartazes com dizeres como:
“Contra a corrupção” e “Impeachment à Dilma”.
Na
segunda-feira (17) e na terça-feira (18), a reportagem do Brasil de
Fato constatou uma sensível diferença nos atos comparando-os com a
semana anterior. Os gritos não eram os mesmos puxados pelos movimentos
sociais. As bandeiras dos partidos não foram mais estiadas. Muitas,
inclusive, foram impedidas de serem levantadas por um grupo de pessoas
que pediam “Sem partido!”, com bandeiras do Brasil nas mãos e cantando o
hino nacional.
A reportagem passava ao lado da
prefeitura de São Paulo quando presenciou um grupo de pessoas que
segurava uma bandeira vermelha de um movimento sem-teto. Um rapaz, de
aparentemente 27 anos, ao ver a bandeira, disse irritado: “que merda é
essa? Só faltava ter comunista aqui agora”.
Na segunda-feira, militantes da Juventude do PT quase foram agredidos por tentarem erguer a bandeira do partido. Já pessoas ligadas ao PSTU não conseguiram recuar e foram violentados por alguns manifestantes. "Começaram com gritos de longe e depois vieram para cima dizendo que nenhum partido os representava e que os partidos deveriam sair do ato. Aos socos e ponta-pés as bandeiras do PSTU foram arrancadas das mãos dos militantes e rasgadas por aqueles manifestantes que comemoraram logo depois", conta uma manifestante que presenciou a cena.
Na segunda-feira, militantes da Juventude do PT quase foram agredidos por tentarem erguer a bandeira do partido. Já pessoas ligadas ao PSTU não conseguiram recuar e foram violentados por alguns manifestantes. "Começaram com gritos de longe e depois vieram para cima dizendo que nenhum partido os representava e que os partidos deveriam sair do ato. Aos socos e ponta-pés as bandeiras do PSTU foram arrancadas das mãos dos militantes e rasgadas por aqueles manifestantes que comemoraram logo depois", conta uma manifestante que presenciou a cena.
Presente
nos atos, o cientista social Bruno Casalotti lembra que ser contra os
partidos é corroborar com o fascismo. "A existência de partidos é
fundamental para a garantia da democracia. É ótimo que eles estejam nos
atos, inclusive a juventude do PT", destaca.
União
popular é o que conclama Casalotti. "Quer pressionar o Haddad a baixar a
tarifa? Vamos fazer isso junto com a juventude do próprio partido dele
que temos mais força! PSTU, PSOL, todos têm o direito de estarem nos
atos e levantarem suas bandeiras", reforça.
Somando-se ao debate, o professor de sociologia e história do Instituto
Federal de Educação e Ciência, Kennedy Ferreira, ressalta que em uma
manifestação democrática cabem todas as bandeiras, "em especial aquelas
que sempre estiveram ao lado dos mais desfavorecidos".
Outro cartaz do protesto em São Paulo. Podia ser em Rio Branco. Ou não? |
Direita radical
Fatos inusitados não presenciados nas primeiras
manifestações também foram registrados pelo cientista social Bruno
Casalotti. Ele disse ao Brasil de Fato que, enquanto
caminhava junto a manifestação, uma menina, de aproximadamente 17 anos,
entregou dois panfletos a ele com dizeres do tipo “Prisão rural
perpétua, não queremos sustentar bandidos” ou “eliminação da idade
mínima penal, independentemente da idade, o infrator deve ser punido".
Ao ser questionada sobre a origem dos panfletos, ela respondeu: “um cara
me deu esse bolinho pra distribuir”.
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