Nem jornais impressos, nem agências virtuais, nem mesmo os blogs acreanos divulgaram uma linha sobre a Pesquisa Nacional por Amostras de Domicílio (PNAD), a segunda principal pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), publicada ontem.
Até o jornalista Adailson Oliveira, que geralmente faz ótimos trabalhos com números e estatísticas, deixou muito a desejar em sua matéria de ontem sobre a pesquisa.
Pudera. O calhamaço de 334 páginas - pequeno para os padrões do IBGE - é difícil de ser localizado e baixado para o computador. E mesmo assim precisa ser lido, analisado e comparado com pesquisas anteriores para se chegar ao que realmente interessa numa matéria jornalística: apontar tendências.
Ou seja: mexer com uma pesquisa com estatísticas exige tempo.
Por que isso ocorre, pois, apesar da mudança do fuso horário, a jornada de trabalho do jornalista continua a mesma?
Para responder a essa questão precisamos entender o modo de produção do jornalismo acreano. Nesse sentido, rádios, TVs e impressos se assemelham muito.
Funciona assim: o repórter costuma sair da redação com pautas (temas de reportagens) definidas pela editoria. Geralmente elas dizem respeito à cobertura de algum "ato oficial" do governo, das prefeituras, do legislativo ou do judiciário, exatamente as instituições das quais os jornais dependem economicamente.
Evidentemente a cobertura de qualquer ação do poder público pode e deve ser feita pela imprensa. Antiético é que o repórter já tenha definida a orientação do que vai produzir, isto é, a idéia de que a matéria vai "bater" ou "elogiar" antes mesmo dela ser produzida.
Ocorre que essa valoração não é definida pelo próprio repórter. É definida pelo departamento financeiro das empresas de comunicação. É lá que notícias "negativas" são aplainadas ou mesmo eliminadas - caso da PNAD. E notícias "positivas" são supervalorizadas, algumas até de forma constrangedora...
Essa "estética noticiosa" tem duas conseqüências drásticas. A primeira é que o profissional de imprensa, cuja consciência crítica é diariamente desestimulada em nome da sua sobrevivência pessoal e profissional, acaba por assimilar esse comportamento e produzir cada vez mais notícias "em sintonia" com os interesses da empresa - e não com os interesses da população.
A segunda conseqüência é que esse tipo de jornalismo corrói aos poucos, sob uma aparência sórdida de legalidade e profissionalismo, qualquer consciência crítica sobre os problemas sociais, estuprando ainda a liberdade de imprensa e de debate que são as bases de uma sociedade democrática.
É por isso que matérias com os assustadores índices que contém a PNAD, que mais tarde vou publicar aqui, não saíram nos jornais.
Até o jornalista Adailson Oliveira, que geralmente faz ótimos trabalhos com números e estatísticas, deixou muito a desejar em sua matéria de ontem sobre a pesquisa.
Pudera. O calhamaço de 334 páginas - pequeno para os padrões do IBGE - é difícil de ser localizado e baixado para o computador. E mesmo assim precisa ser lido, analisado e comparado com pesquisas anteriores para se chegar ao que realmente interessa numa matéria jornalística: apontar tendências.
Ou seja: mexer com uma pesquisa com estatísticas exige tempo.
Por que isso ocorre, pois, apesar da mudança do fuso horário, a jornada de trabalho do jornalista continua a mesma?
Para responder a essa questão precisamos entender o modo de produção do jornalismo acreano. Nesse sentido, rádios, TVs e impressos se assemelham muito.
Funciona assim: o repórter costuma sair da redação com pautas (temas de reportagens) definidas pela editoria. Geralmente elas dizem respeito à cobertura de algum "ato oficial" do governo, das prefeituras, do legislativo ou do judiciário, exatamente as instituições das quais os jornais dependem economicamente.
Evidentemente a cobertura de qualquer ação do poder público pode e deve ser feita pela imprensa. Antiético é que o repórter já tenha definida a orientação do que vai produzir, isto é, a idéia de que a matéria vai "bater" ou "elogiar" antes mesmo dela ser produzida.
Ocorre que essa valoração não é definida pelo próprio repórter. É definida pelo departamento financeiro das empresas de comunicação. É lá que notícias "negativas" são aplainadas ou mesmo eliminadas - caso da PNAD. E notícias "positivas" são supervalorizadas, algumas até de forma constrangedora...
Essa "estética noticiosa" tem duas conseqüências drásticas. A primeira é que o profissional de imprensa, cuja consciência crítica é diariamente desestimulada em nome da sua sobrevivência pessoal e profissional, acaba por assimilar esse comportamento e produzir cada vez mais notícias "em sintonia" com os interesses da empresa - e não com os interesses da população.
A segunda conseqüência é que esse tipo de jornalismo corrói aos poucos, sob uma aparência sórdida de legalidade e profissionalismo, qualquer consciência crítica sobre os problemas sociais, estuprando ainda a liberdade de imprensa e de debate que são as bases de uma sociedade democrática.
É por isso que matérias com os assustadores índices que contém a PNAD, que mais tarde vou publicar aqui, não saíram nos jornais.
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