"O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna uma extensão do trabalho." Theodor W. Adorno
sexta-feira, 31 de outubro de 2008
LULA VISITA CUBA
- Bonito, hein, sr Reacionário?
- Desculpa, seu Raúl... foi sem querer querendo!
A foto é da agência Prensa Latina
CRIANÇAS PRISIONEIRAS DE GUERRA NA COLÔMBIA
O conflito armado na Colômbia deixou perto de 1 milhão de mortos, irrigando suas pequenas propriedades rurais com miséria, desolação e morte de famílias camponesas, que, por sua vez, sempre foram alvo da tirania das oligarquias pró-imperialistas que a sangue e fogo defendem os interesses do colosso do Norte.
A sangria cruel do povo colombiano iniciou-se há 50 anos com a violência fratricida entre liberais e conservadores na disputa pelo poder. Incluem-se aí os “pájaros", os "chulavitas" de Laureano Gómez; o assassinato de Jorge Eliécer Gastan, o “tribuno do povo", a ditadura do General Gustavo Rojas Pinilla; tudo isso foram facetas de um conflito maior.
Os 16 anos da Frente Nacional, a alternância das duas facções de oligarquias colombianas são a continuidade da estúpida violência para obter o controle, o poder, e continuar administrando a pátria como um traseiro dos gringos, recebendo como pagamento algumas migalhas de dólares que os norte-americanos deixam cair de sua mesa farta. No governo de Guillermo Valencia, os americanos que assessoravam os militares colombianos bombardearam as sete repúblicas independentes onde havia refugiados camponeses que não aceitavam a anistia proposta pelo governo ilegítimo para entregar suas armas e integrar-se à vida civil. Eles temiam, com razão, ser assassinados.
Marquetalia, El Pato, Rio Chiquito, El Guayabero, entre outras comunidades, foram bombardeadas pelas forças governamentais, deixando milhares de mortos e desabrigados - perto de 100 mil, segundo alguns relatos de sobreviventes desse atentado terrorista contra a população camponesa - a sua maioria idosos, mulheres, crianças, inocentes que fugiam da região para se proteger.
O governo da Frente Nacional do conservador Guillermo León Valencia argumentava que não podia existir um estado dentro do estado, uma república independente, sem controle dos poderes centrais; no entanto, os camponeses haviam construído estradas vicinais, escolas, postos de saúde, constituíram leis e um sistema de escambo como base econômica. As crianças, de qualquer idade, sempre foram vítimas inocentes da violência desse regime com fachada de democracia que por muitos anos controlou o poder na Colômbia. Foram essas crianças, que tiveram os seus pais assassinados, desaparecidos, presos, torturados, a quem não restou outro caminho senão empunhar as armas em revolução popular.
Essas crianças de ontem são os guerrilheiros de hoje, os que integram as colunas da guerrilha das FARC-EP .A essas crianças desabrigadas, as FARC, no tempo de Manuel Marulanda Velez, ensinou a ler e a escrever em escolas encravadas nas selvas colombianas, e depois os enviou a colégios nacionais de ensino médio. Alguns conseguiram entrar na Universidade Nacional; a outros o Partido Comunista (Juventude Comunista), diante de suas especiais capacidades e inteligências, conseguiram bolsas de estudos no exterior - na União Soviética, Cuba, enfim, em países socialistas que ofereceram esse presente.
Com esse esforço a Juventude Comunista (JUCO) lhes cultivou política e ideologicamente, enviando-lhes às mais diversas universidades socialistas do mundo. Na Patricio Lumumba, em Moscou, ingressaram em faculdades de Engenharia, Economia, Diplomacia Internacional; e em Havana formaram-se doutores em Medicina etc.
Segundo os altos comandos militares, os camponeses instruídos são perigosos. Solução: extermínio em massa, como o da União Patriótica, o assassinato seletivo de quadros da JUCO: Jaime Bateman, Luis Francisco Otero, Francisco Garnica, Pedro Leon Lupo Arboleda, Pedro Vazquez Rondon, Manuel Cepeda Vargas, Miller Chacon, Hernando Gonzales e muitos marcados para morrer, na mira do Exército.
Nos famosos distritos municipais de guerra, durante o governo de Carlos LLeras Restrepo, o comandante da Nona Brigada de Institutos Militares com sede em Neiva, coronel Armando Orejuela Escobar, que depois se tornaria general e comandante das forças Armadas, afirmava cinicamente que “Um camponês ilustrado é um bandido!"
Mas estas são as crianças desabrigadas de ontem e os profissionais do Secretariado e Comandantes das FARC de hoje, que lutam pela sua pátria e por uma Nova Colômbia com educação, trabalho e justiça social. São lutadores sociais, não terroristas, bandidos ou narcotraficantes como a família Uribe Vélez e seus 40 ladrões.
Por outro lado, também não devemos ignorar o que se passa com as crianças que nasceram em "berço de ouro", os filhos das mais "finas” classes sociais - das 50 - que governam o país há 200 anos: educados para mandar, perdão, administrar a estática “Gringolândia". As crianças ricas vão a escolas privadas, colégios exclusivos do mais alto turmequé, às mais caras e privilegiadas universidades do país e depois são enviadas para fazer pós-graduações ou doutorados em países europeus como a França, Espanha, Estados Unidos, Canadá; ou para países asiáticos como o Japão, Austrália e outros. Os "delfins" ou privilegiados dos gringos são nomeados pelo governo colombiano atual como embaixadores na casa Branca e fazem cursos no Pentágono e na CIA para ser ungidos como presidentes do país bananero para que se alternem na cadeira presidencial e assim não se enfrentem e deixem de defender os interesses imperiais...
Eles, os candidatos por excelência, não pertencem ao Eixo do Mal, não são filhos do demônio nem terroristas, são os enviados de Deus e anjinhos alvos do Tio "Sam" que, com com o apoio do sionismo e suas armas levarão a ordem ao mundo em nome de uma democracia a serviço do imperialismo norte-americano. Assim se dividem as crianças boas e más na Colômbia, enquanto, no contexto internacional, os organismos de proteção à paz, dos direitos humanos e da infância permanecem como espectadores do conflito graças às mentiras e as astúcias do tirano que impedem uma ação enérgica.
O autor solicita, nesta tribuna livre da ABP que nos permite opinar sobre a problemática colombiana, a intervenção dos organismos internacionais de proteção a nossas crianças na realidade que elas vivem na Colômbia, uma ditadura civil militar organizada por Alvaro Uribe Veles. Isso sem citar naquelas crianças que se lançam à aventura de perambular o mundo em busca de um futuro mais digno, ou as crianças crescidas que na primeira oportunidade se escondem em aviões e procuram asilos em qualquer parte que os recebam, aos profissionais ou intelectuais que lhes chamam de “mentes em fuga".
Para mostrar isso ao mundo temos que ler a carta de Liliany Patricia Obando Villota, enviada aos Exilados Políticos Colombianos Bolivarianos na Austrália. É uma peça-chave para se compreender a história da política colombiana e deve ser bandeira de luta internacional até conseguir que escutem o seu lamento. Seus filhos foram perseguidos, interrogados por capangas da inteligência militar, feitos prisioneiros devido à sua militância: são prisioneiros de guerra, na sua casa, na escola, em sua cidade, enfim, cada passo e cada movimento que dão são seguidos pelos arapongas da Inteligência que seguramente vendem falsos positivos aos jornais.
O único crime para que essas pessoas se tornassem prisioneiras de guerra foi o fato de sua mãe, Liliany Patricia Obando Villota, uma mulher que fala cinco ou seis idiomas, além de ser cineasta, socióloga e mestra em Ciências Políticas sobre a realidade colombiana, ter narrado ao vivo a realidade que vive sua pátria.
Sem dúvida o senhor presidente está completamente maluco e deve enxergar muitos moinhos de vento como Sancho Pança, ou quer passar a imagem de maluco para mandar à prisão os seus opositores, como esta voz rebelde, de origem camponesa, por um delito inexistente como ter ocupado um cargo na FENSUAGRO. Liliany deixou aqui, na Austrália, muitos amigos que observam com assombro o que continua ocorrendo no país do Sagrado Coração de Maria e o escapulário da família Uribe, onde o paramilitarismo, o crime seletivo, o genocídio e o narcotráfico são o pão nosso da cada dia.
Do maluco Uribe tudo se pode esperar, em seus coices de fera ferida de morte. Ele vai ter que prender todo um povo que o repudia, que o ”elevou como palma, mas que cairá como coco". Aliás, em sua paranóia ele já solicitou a todos os governos do planeta a extradição dos exilados políticos.
Uribe é um caso especial de delírio de grandeza, e, como inspetor de polícia numa época de violência generalizada na Colômbia, mandou aplicar a pena de morte e fuzilar um cachiporro chusmero. Quando seus serviçais pistoleiros lhe insinuaram que a pena de morte não era legal na Colômbia, o ditador do pueblito retrucou: “Onde está escrito que não é possível impor a pena de morte?”. Os fuzileiros: “Na Constituição Federal, senhor presidente!”. Então Uribe, taxativo com seu sotaque paisa da família dos “12 apóstolos”, saiu-se com esta: “Pois reforme-se a Constituição e aplique-se a pena de morte!”.
O presidente Alvaro Uribe Velez primeiro legalizou os paramilitares. Sua família montou os maiores e melhores laboratórios do “ouro branco” (a cocaína), e, com a máfia do terrorista Pablo Escobar, transpassou as fronteiras blindado pela máfia norte-americana e quer agora legalizar a pena de morte sob alegação que é do fato que nasce o direito...
Diante disso, é necessário ficar bem claro aos opositores do regime totalitário do presidente Uribe e seus 40 ladrões que, quando se fizer alguma advertência ou aviso sobre a Corte Marcial, já se estará de antemão condenado. É como afirma um jovem sobrinho advogado, cheio de fé e esperança em uma nova Colômbia e a quem não atrevo a identificar porque a sua vida correria perigo assim como as vidas das crianças colombianas: "A justiça não existe, só existe a opinião dos injustos".
Finalmente, a carta de Liliany Patricia Ovando Villota nos traz uma série de dúvidas muito coerentes que questionam a maluquice do presidente Álvaro Uribe Vélez.
1- Por que os paramilitares, amigos ou amigas pessoais do ditador da Comarca gozam do privilégio da prisão domiciliar?
2- Por que os paramilitares são extraditados aos Estados Unidos indiciados por tráfico de drogas, evitando a justiça colombiana e impedindo os inquéritos por assassinatos e genocídios?
3- Que explicação deu o presidente Uribe sobre o parlamento paramilitar, seu partido e seus amigos que foram financiados pelas Autodefensas Unidas da Colômbia?
4- O que significa a legalização do paramilitarismo na Colômbia e a criação do paramilitarismo como partido político em Rialito, conforme manifestou-se o governante?
5- As “Aguilas Negras" são o outro braço criminoso do presidente Uribe e seu bunker ou a guarnição é a Casa Nariño em Bogotá? Como se explica isso, presidente?
6- No Exército, oficiais de alta categoria são assassinos de jovens desaparecidos e quem deu as ordens foi o senhor, senhor presidente. Por que não nos tira essa dúvida?
Rede internacional organizada pelos amigos de Liliany Patricia Obando Villota, heroína colombiana que fez de sua casa uma prisão para cuidar dos seus filhos.
quinta-feira, 30 de outubro de 2008
PENSAR NO LOCAL, AGIR NO GLOBAL
O cotidiano da redação d'A Tribuna é ditado por seu dono. Eli Assem de Carvalho é um empresário como muitos em Rio Branco. Descumpre direitos trabalhistas, é autoritário, atrasa o pagamento dos funcionários, pratica o famoso “caixa dois” (paga um valor na carteira e outro “por fora” para sonegar impostos e a contribuição sindical) e não tem o menor escrúpulo de transcrever textos de terceiros sem o devido crédito.
A trajetória dessas transcrições, aliás, é curiosa. De sua sala, nas dependências da Gráfica Globo, Assem costuma telefonar para a redação onde geralmente um repórter o atende. “Venha aqui na minha sala!”, diz o chefe, desligando abruptamente. Ao adentrar o cômodo o jornalista – ainda irritado com a falta de educação – é apresentado a várias folhas de papel A4 com matérias extraídas da internet. “Pegue esta foto aí, mexa nesse texto, tire essas frases, faça assim e não faça assado”, diz ele, enquanto rabisca furiosamente cada página. Quase sempre, as datas e nomes dos autores são os primeiros itens suprimidos.
Quem discorda é imediatamente apresentado à ladainha preferida do empresário: “Eu pensava como você. Sabe o que eu fiz? Abri um jornal pra mim”, costuma dizer, como numa auto-justificativa torta para depois arrematar: “Olhe, quem manda aqui sou eu. Eu comprei, paguei, é meu. Faça como eu estou mandando!”.
Essa prática rendeu à Tribuna várias advertências, inclusive de jornalões como O Globo e o Correio Braziliense – este chegou a enviar vários ofícios exigindo que parassem de reproduzir seus textos sem os nomes dos autores ou mesmo da fonte.
Karl Marx, na parte introdutória de “Para a Crítica da Economia Política”, escreveu algo que os jornalistas acreanos deveriam gravar numa placa e ter sempre à vista:
“Na produção social da sua vida os homens entram em determinadas relações, necessárias, independentes da sua vontade, relações de produção que correspondem a uma determinada etapa de desenvolvimento das suas forças produtivas materiais. A totalidade destas relações de produção forma a estrutura econômica da sociedade, a base real sobre a qual se ergue uma superestrutura jurídica e política e a qual correspondem determinadas formas da consciência social. O modo de produção da vida material é que condiciona o processo da vida social, política e espiritual. Não é a consciência dos homens que determina o seu ser, mas, inversamente, o seu ser social que determina a sua consciência.”
Ora, é possível fazer um bom jornalismo sob as relações de produção apodrecidas anteriormente citadas? Creio que não. Creio que não é possível sequer pensarmos na possibilidade de um jornalismo, qualquer que seja, uma vez que a produção da consciência jornalística se dá em uma direção totalmente antiética, absurda, doentia e autoritária, apesar do enorme esforço em contrário dos trabalhadores que suam camisas e queimam neurônios para produzir os jornais que serão lidos no dia seguinte (posso dizê-lo com amplo conhecimento de causa).
Por que isso acontece?
Numa empresa privada um jornalista tem dupla função: produzir mercadoria de consumo diário (as notícias) e, enquanto contra-poder, cobrar e fiscalizar os interesses da sociedade perante os demais poderes. Há, portanto, uma contradição entre duas dimensões: a privada e a pública. A primeira almeja o lucro. A segunda, o interesse social.
Acontece que, como notou Marx, as relações de produção condicionam todo o resto e qualquer repórter idealista ou conservador, investigativo ou desorganizado, autodidata ou diplomado está submetido a elas, incondicionalmente.
No Acre, por motivos históricos e geopolíticos, a totalidade das relações de produção pariu uma base econômica profundamente dependente do governo. O dinheiro público mantém todas as empresas de comunicação, a ponto destas dedicarem aos seus amos os mais servis afagos, falsos elogios, exageros aforísticos e outras aberrações burguesas que se vêem diariamente.
Ou seja: os jornais adulam exatamente quem deveriam fiscalizar pela simples razão de dependerem economicamente dele. Em nome disso matérias são antecipadamente censuradas, fotografias editadas e empresários... bem, empresários que ficam cada vez mais ricos enquanto nas redações, a contragosto ou nem tanto, jornalistas produzem um Acre virtual, eletrônico, atraindo cada vez mais turistas às belas obras do centro de Rio Branco...
Infelizmente alguns repórteres crêem nessa lógica da eficácia governamental que a tudo conduz mansa e placidamente, sem sobressaltos, sem violências, sem desvios nem furtos e sem a produção social da idiotia – embora a curta história dos Estados e dos poderes civis que o precederam brade justamente o contrário, inclusive em âmbito local. É evidente que tal posicionamento está tão profundamente entranhado pelas relações de produção que o geraram que sequer consegue diferenciar interesse público de interesse do Estado.
Por isso mesmo é preciso recriar novas relações de produção no jornalismo acreano. Somente assim será possível recriar o próprio jornalismo e os próprios jornalistas como novas consciências sociais. Novas formas de comunicação mais democráticas e eficazes já estão disponíveis. A grande pergunta é: o que fazer?
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O QUE FAZER?
Há cerca de dois anos isso seria impensável, mas hoje, com a Web 2.0 e as várias agências independentes que pululam na rede mundial de computadores, uma nova forma de globalização da informação tornou-se possível: uma imensa rede de notícias locais não só espalhadas por todo o globo, mas produzidas para esse público, e, melhor, fiscalizada por ele.
Trata-se de uma revolução na forma de fazer notícia: antes os textos eram produzidos para um público local mais ou menos definido. O surgimento dos blogs de notícias manteve essa tendência, herdada dos jornais impressos, ainda que a internet permitisse chegar a um público maior. A nova forma de interatividade, por outro lado, produz notícias locais inteligíveis em qualquer parte do mundo, sempre ao lado de outras notícias locais, mas de outras regiões e outros autores.
Esse novo formato permite inverter o conhecido lema da famosa Agenda 21, “Pensar no global, agir no local”, criado no contexto de uma sociedade que ainda iniciava as discussões sobre um novo modelo de desenvolvimento. No Acre os blogueiros Altino Machado e Toinho Alves foram os expoentes desse método, marcado por conteúdos locais e algumas referências a realidades e contextos nacionais e internacionais.
O novo paradigma aponta justamente o contrário. Os textos continuarão tratando de realidades locais, mas, como serão dirigidos a um público internacional, serão contextualizados com a realidade mundial e vão aparecer sempre ao lado de outros textos também locais ou regionais, mas de outras realidades e de outros autores.
Será possível a um jornalista colombiano, por exemplo, denunciar a ação violenta de empresas bananeras em pequenas comunidades camponesas, ao lado de um texto acreano sobre a venda de toras de madeira para o mercado mundial e outro texto boliviano sobre a marcha dos povos indígenas pela aprovação de sua Constituição Bolivariana.
“Pensar no local, agir no global”, essa é a nossa cara do jornalismo. Um jornalismo-mundo, mantido por redes de jornalistas engajados na transformação da opressiva realidade-mundo dos nossos dias.
Algumas agências de notícias da internet já trabalham nessas novas relações de produção. Iniciei há cerca de três meses uma experiência nesse sentido com a Agencia ANNCOL – http://anncol.eu -, que tem correspondentes em vários países de língua espanhola da América Latina, além da Europa e da Oceania. Na mesma linha também trabalham as agências Prensa Latina – http://www.prensa-latina.cu/ -,REL-Uita - http://www.rel-uita.org/ -, ABP - http://www.abpnoticias.com/ e outras. No Brasil destacam-se as agências Adital – www.adital.com.br - e Correio da Cidadania - http://www.correiocidadania.com.br/.
A linha editorial em todas essas agências tem orientação única: informar aos trabalhadores de língua espanhola o que ocorre nos demais países, próximos ou distantes, de uma perspectiva de quem vive no lugar, mas escreve para um público mundial.
Esta inversão permite, por exemplo, que indígenas da Bolívia, guerrilheiros da Colômbia, trabalhadores de fábricas ocupadas da Venezuela e outros tracem estratégias de sobrevivência para a crise econômica (esta que vivemos é a crise financeira) que se avizinha.
No Acre os resultados desse jornalismo linkado e que, finalmente, olha para o Oeste ao invés ao Sudeste, permitirão uma interatividade maior entre os trabalhadores e uma fiscalização efetiva dos governos (o que a imprensa tradicional, como se sabe fartamente, é incapaz de fazer).
Em breve a crise exercerá sua pressão sobre os movimentos sociais, governos e empresas que, por sua vez, pressionarão os trabalhadores. O comércio ficará mais caro. Haverá demissões. A violência aumentará. A imprensa atual se tornará ainda mais bovina. As ocupações de terras vão voltar. As empresas internacionais vão pressionar a Amazônia.
Até lá é preciso que esse jornalismo crie pontes com as rádios públicas para chegar aos seringueiros em suas colocações. Na zona urbana, onde ainda há famílias morando sobre esgotos e outras que perdem o pouco que têm nas enchentes, a imprensa precisa reaprender a se indignar com as tragédias humanas e denunciar o descumprimento de leis e tratados internacionais, nacionais e locais, exigindo justiça e fornecendo ao povo as ferramentas para sublevações populares.
É desumano, imoral e antiético negar ao povo acreano o verdadeiro fenômeno que produziu a sua própria identidade histórica, além de todas as nossas periferias: a luta de classes.
“Pensar no local, agir no global”. Esta é a grande tarefa do jornalista do Século 21.
A foto é do blog do deputado estadual Luiz Calixto e mostra o complexo onde funciona, da direita para a esquerda: parte da sede d'A TRIBUNA (a parte branca), a Gráfica Globo (prédio maior) e a Rádio Alvorada (com sua antena ao fundo). Todas pertencem a Eli Assem de Carvalho.
Clique aqui para saber mais sobre o relacionamento desse jornal com a Secretaria Municipal de Saúde (Semsa), simbólico até na fotografia...
quarta-feira, 29 de outubro de 2008
ONU APROVA FIM DO BLOQUEIO DOS EUA A CUBA
O ministro das Relações Exteriores de Cuba, Felipe Pérez Roque, apresentou à Assembléia Geral das Nações Unidas o projeto de resolução cubano intitulado "Necessidade de pôr fim ao bloqueio econômico, comercial e financeiro, imposto pelos Estados Unidos da América a Cuba". Pela décima sétima vez, a Assembléia votou sobre a questão.
O ato da aprovação só tem efeito simbólico. O mesmo no ano passado, quando a Assembléia condenou a política dos EUA, com 184 votos a favor do projeto que pedia a suspensão. Para que o bloqueio seja suspenso, é necessária uma resolução do Conselho de Segurança da ONU, em que os EUA têm direito a veto. A discussão levanta a polêmica sobre a reforma da instituição.
Para o ministro cubano, o bloqueio constitui o principal obstáculo para o desenvolvimento econômico e social do país. Pérez Roque ressaltou que agora o debate e a votação da resolução ocorrem em um cenário diferente: a passagem de dois furacões, as eleições nos EUA e a crise financeira internacional. O ministro afirmou que o bloqueio "é uma política genocida e ilegítima".
Organismos internacionais se solidarizaram com a luta de Cuba pelo fim do bloqueio. A Comunidade Caribenha (Caricom) denunciou que o bloqueio é um impedimento ao desenvolvimento do Caribe e não somente um castigo a Cuba. Na Assembléia da ONU, o representante do Caricom, George Talbot, disse que a segurança de Cuba e a sua recuperação após a passagem dos furacões estão comprometidas pelo bolqueio.
O Movimento de Países Não Alinhados, que agrupa 118 países, também se pronunciou em favor de Cuba. O representante do movimento, o embaixador egípcio Maged Abdelaziz, afirmou que essa política dos Estados Unidos impõe obstáculos para a total realização dos direitos humanos do povo cubano.
Fonte: Agência Adital
terça-feira, 28 de outubro de 2008
SALVAR OS POVOS, NÃO OS BANCOS
Vivemos uma crise estrutural do sistema capitalista. Não é o momento de acreditar no seu salvamento e sim de trabalhar pela sua transformação. Os povos latino-americanos viram-se obrigados, mais de uma vez, a socorrer os banqueiros à custa dos seus sofrimentos. É hora de mudar a história e não repetir o resgate dos financeiros. Nossa prioridade são as necessidades populares.
A crise econômica que deriva da financeira e está em curso nestes dias pode prolongar-se por muito tempo. Não é possível estabelecer, com seriedade, o tempo que ela perdurará e a forma do seu desenvolvimento. Mas o que se pode dizer é que é a crise mais grave e mais profunda desde 1929/30 e propaga-se a uma velocidade muito maior que aquela por ter, agora, caráter totalmente global.
Há que dizer, além disso, que a crise econômico-financeira atual ocorre dentro de um contexto de múltiplas outras crises, como a dos alimentos, das matérias-primas, da energia, do ambiente e, também, de uma crise militar em que não se descarta a utilização de armas de destruição em massa.
A economia norte-americana, devido às suas três dívidas (privada, pública e com o exterior) encontra-se em risco de forte instabilidade. Sua hegemonia política e econômica está debilitada e questionada. Sua hegemonia geoestratégica sobrevive, ainda que haja sofrido reveses significativos.
Pelas mesmas razões o momento atual é particularmente perigoso para toda a humanidade, uma vez que os EUA não renunciam à hegemonia e ao domínio unipolar nos diferentes campos. Esse país tenta inclusive manter sua hegemonia ideológica e cultural, que sem dúvida se vê afetada pelas contradições que surgem da mesma crise a nível interno e com os seus aliados.
A partir da crise, agudizar-se-á a contradição antagônica com o capitalismo à escala global. Abre-se um extenso período de convulsões cujos resultados estão abertos. As classes dominantes tentarão reconstituir o sistema com maiores níveis de exploração dos trabalhadores, os quais deverão fortalecer suas organizações para enfrentar essa agressão.
A América Latina foi o subcontinente que maior resistência opôs ao neoliberalismo, cenário também de grandes rebeliões populares. A experiência social e política acumulada em alguns dos nossos países pode marcar um caminho na articulação dessa resposta necessária.
Os governos neoliberais e social liberais da nossa região, mesmo os chamados "progressistas", manterão sua crença na lógica do capital e sua intervenção procurará preservar o funcionamento do mercado capitalista e o domínio das empresas transnacionais que ocupam nossos territórios. Permitirão a quebra de uma ou outra grande empresa especulativa ou produtiva, mas intervirão imediatamente naquelas que possam pôr em risco da lógica do capital no âmbito do seu país.
Isso significa que continuarão a permitir e ainda a promover a voracidade do lucro exigido pelos mencionados capitais. A crise fiscal do Estado aprofundar-se-á, reduzindo o investimento público, a despesa social e os subsídios.
As referidas políticas incrementarão ainda mais o desemprego, a precariedade do trabalho, a redução de salários e pensões, com o que aumentarão a pobreza, a miséria e a exclusão social.
Entretanto, na América Latina há governos que, sem necessariamente colocar uma ruptura completa com o sistema do capital, tentam encontrar uma política capaz de enfrentar de maneira diferente as inevitáveis consequências da crise mundial nos seus países.
Em qualquer destas circunstâncias os trabalhadores e os movimentos sociais devem conquistar e preservar sua independência frente aos Estados e lutar decididamente contra as políticas antipopulares que pretendem transferir os custos da crise do capital para o trabalho e dos países centrais para os periféricos.
Por isso necessitamos definir uma agenda de política econômico-social dentro de uma estratégia de sobrevivência e resistência dos setores populares, em particular dos trabalhadores, para o difícil período que se avizinha, acompanhada de uma ofensiva ideológica contra o sistema capitalista que mostra com esta crise sua incapacidade absoluta para atender as necessidades dos nossos povos.
Propomos então este conjunto de medidas de política econômica:
1- É urgente e indispensável a custódia da banca privada que, dependendo de cada país, pode ser por controle, intervenção ou nacionalização sem indenização, seguindo o princípio de não estatizar dívidas privadas nem voltar a transferir esses ativos para mãos privadas.Tais medidas imediatas constituem uma resposta ao drama social que a crise impõe e iniciarão transformações que, para se realizarem plenamente, exigem avançar rumo a um horizonte socialista.
2- Controle e bloqueio da saída de capitais, evitando a sua fuga.
3- Centralização e controle cambial com política de câmbios múltiplos e diferenciados.
4- Moratória e imediata auditoria da dívida pública, libertando recursos para atender às necessidades sociais.
5- Controle de preços dos produtos básicos.
6- Manutenção e recuperação dos salários reais dos trabalhadores, associado a uma política de tributação progressiva que afete o capital e sobretudo a especulação.
7- Políticas de proteção e incentivo ao mercado interno e às atividades econômicas com alta geração de emprego. Para essa finalidade o investimento público desempenha um papel fundamental.
8- Seguro de desemprego e políticas de proteção social aos trabalhadores desempregados e informais.
9- Re-estatização das empresas estratégicas. Nacionalização das grandes empresas privadas em processo de quebra. Recuperação do controle nacional dos recursos naturais.
10- Uma integração regional que atenda aos interesses dos nossos povos e não aos do capital.
Salvar os povos, não os bancos, este é o objetivo da Sociedad Latinoamericana de Economía Política y Pensamiento Critico frente à crise e suas consequências sociais.
Buenos Aires, 23 de Outubro de 2008.
Junta Directiva da SEPLA
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Declaração da Sociedad Latinoamericana de Economía Política y Pensamiento Crítico acerca da crise econômica mundial.
Fonte: Agência Resistir
segunda-feira, 27 de outubro de 2008
COMISSÃO DA UNASUR VAI A BRASILÉIA OUVIR FUGITIVOS DE PANDO
Segundo o chefe da missão da Unasur que investiga o massacre, Rodolfo Mattarollo (foto), mais de 100 bolivianos encontram-se em Brasiléia. Para alguns eles são fugitivos. Para outros, refugiados políticos.
"O comissionado brasileiro da Unasur, Fermín Afequio, está em Brasiléia e me fez esse pedido, como coordenador e como investigador da situação, mas ainda não foram tomados depoimentos até que nós e nossa equipe técnica nos apresentemos e façamos o trabalho", disse Rodolfo Mattarollo, que se reuniu no último sábado no Palácio Quemado com o presidente Evo Morales.
O comissionado brasileiro da Unasur reuniu-se também com autoridades brasileiras e informou que há vários pedidos de extradição tramitando. Matarollo explicou ainda que a comissão é formada por duas categorias. A primeira a do comitê executivo, no qual o próprio Matarollo está como delegado argentino e coordenador dos demais países sul-americanos.
A outra equipe é composta por advogados, assistentes sociais, antropólogos, peritos forenses e outros especialistas.
"Achamos que nossa missão ocorre dentro de um processo de paz, de luta pelos direitos humanos e pelo Estado de direito, de modo que mais que nunca progredimos tanto", disse Mattarollo.
Consultado se a comissão teria sofrido algum tipo de pressão política, Matarollo nega.
"Nós temos uma tarefa estritamente referida aos direitos humanos, à investigação dos fatos do 11 de setembro em Pando e não sentimos pressão de nenhuma natureza", acrescentou o delegado da Unasur.
Em vez disso, afirmou, os membros da comissão estão ouvindo todos os envolvidos nos episódios do massacre em Pando, com as instituições do Estado, moradores locais e assim prosseguem com os trabalhos.
"Já ouvimos vários depoimentos em La Paz, em Pando, e prosseguiremos ouvindo, registrando, fazendo perguntas para tirar as dúvidas", afirmou Mattarollo.
RELATÓRIO
A Unasur anunciou que até o final de novembro entregará um relatório final sobre o massacre de Porvenir (Pando). O episódio deixou 18 mortos e dezenas de feridos - a maioria, camponeses.
"Nosso relatório será ágil e corresponderá à situação que de fato se viveu na Bolívia (…) a Unasur entregará tudo à perícia até o final de novembro", disse Rodolfo Mattarollo, que já ressaltou: será necessário aprofundar as conclusões da comissão em investigações posteriores.
O chefe da missão de Unasur explicou que desta comissão investigadora participam todos os representantes dos países da América do Sul.
Além disso, especificou que os presidentes sul-americanos, quando lhe deram o mandato, no Palácio de La Moneda (em Santiago, Chile), no dia 15 de setembro, lhe pediram para atuar com imparcialidade e nessa linha é que as investigações ocorrem.
"Quando cheguei à Bolívia, disse imediatamente que escutaria todas a partes do conflito e somente depois tiraria conclusões, de forma independente. Por isso lhes posso assegurar aos senhores (jornalistas) que vamos escutar todos os atores que nos parecem indispensáveis", finalizou o delegado da Unasur.
Foto e texto são da Agencia Boliviana de Información (ABI).
sábado, 25 de outubro de 2008
sexta-feira, 24 de outubro de 2008
CLUBE BILDERBERG: O GOVERNO MUNDIAL NA SOMBRA
O livro foi editado em 28 países em 21 idiomas. Segundo o autor, a 1ª edição na Venezuela, Colômbia e México foi esgotada em menos de 4 horas e causou manifestações em frente às embaixadas dos EUA que, como é óbvio, ninguém viu e nem ouviu na TV ou nos noticiários de imprensa. A seguir, você vai saber o motivo.
O texto abaixo – que uma amiga minha considerou “uma confusão dos diabos” - é uma resenha desse livro. Mas, como disse Sun Tzu, para combater um inimigo é preciso conhecê-lo, pois não se pode lutar contra algo que não se conhece.
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A Verdadeira História do Clube Bilderberg é uma narração da subjugação impiedosa da população por parte de seus governantes. Um Estado Policial Global que ultrapassa o pior pesadelo de Orwell, com um governo invisível, onipresente, que manipula os fios desde a sombra, que controla o governo dos EUA, a União Européia, a Organização Mundial de Saúde, as Nações Unidas, o Banco Mundial, o Fundo Monetário Internacional e outras instituições similares. E, o mais espantoso de tudo, formula os projetos futuros da Nova Ordem Mundial.
Muitos grandes empresários, políticos, incluindo alguns de seus colaboradores, estão lutando para impor limites ao Clube, alguns de fora, outros de dentro, se bem que de forma encoberta. Esse interesse de dominar o mundo não é novidade na história da Humanidade. Outros já tentaram antes.
O lado obscuro do Clube Bilderberg – o pior mal já enfrentado pela humanidade – está entre nós e utiliza os novos e amplos poderes de coação e terror que a ditadura do complexo industrial-militar global – segundo palavras do autor - requer para acabar com a resistência e governar aquela parte do mundo que resiste às suas intenções.
Cada nova medida, por si só, pode parecer uma aberração mas o conjunto de mudanças, que formam parte do processo em curso, constitui um movimento em direção à Escravidão Total. A batalha está se realizando neste preciso instante em que você lê esta matéria e a ditadura global – o Governo Mundial Único – está vencendo.
O objetivo dos que lutam contra essa ditadura global é defender a nossa intimidade pessoal e nossos direitos individuais, a pedra angular da liberdade. E essa batalha envolve o Congresso dos EUA, a União Européia, os tribunais, as redes de comunicação, as câmeras de vigilância, a militarização da polícia, os campos de concentração, as tropas estrangeiras estacionadas em solo de diversos países, os mecanismos de controle de uma sociedade sem dinheiro em espécie, os microchips implantáveis, o rastreamento por satélite GPS, os cartões de identificação por radiofreqüência (RFID), o controle da mente, as contas bancárias, os cartões inteligentes e outros dispositivos de identificação que o Grande Irmão nos impõe e que conectam os detalhes da nossa vida a enormes bancos de dados secretos dos governos.
Os caminhos que forem tomados agora determinarão o futuro da humanidade: se passaremos a fazer parte de um Estado policial eletrônico global ou se continuaremos como seres humanos livres.
O Clube do governo mundial na sombra decide, numa reunião anual secreta, como devem ser realizados seus projetos diabólicos. Quando se celebram essas reuniões, não por acaso seguem-se guerras, a fome, a pobreza, a derrubada de governos e abruptas e surpreendentes mudanças políticas, sociais e monetárias.
Skinner – Burrhus Frederic Skinner -, cientista do comportamento e do aprendizado, colaborador do Instituto Tavistock – organização de pesquisa no campo da psicologia social aplicada – que, por sua vez, é colaboradora do Clube Bilderberg, considera a população em geral incompetente para educar seus filhos e propõe como sociedade ideal aquela em que os filhos são separados das famílias por ocasião do nascimento e educados pelo Estado, que paga aos pais por seus filhos uma determinada quantia, em centros onde passam a viver.
Outra forma de manipulação de conduta utilizada pelo Clube Bilderberg é conseguir que as pessoas obtenham algo que desejam em troca da renúncia de outra coisa, principalmente a liberdade.
Se bem que o Clube Bilderberg, a Comissão Trilateral, a Mesa-Redonda, o Conselho de Relações Internacionais, as Nações Unidas, o Fundo Monetário Internacional, o Clube de Roma e algumas outras organizações realizem seus planejamentos e suas gestões em particular; a imprensa, as rádios e as cadeias de TV se negam a cobrir o tema e não se atrevem a falar dele. Isso mantém a maioria da população num estado contínuo de ansiedade interior porque as pessoas estão demasiado ocupadas garantindo sua própria sobrevivência ou lutando por ela.
A técnica do Clube Bilderberg consiste em submeter a população e levar a sociedade a uma forte situação de insegurança, angústia e terror, de maneira que as pessoas cheguem a sentir-se tão exaltadas que peçam, aos gritos, uma solução, qualquer que seja. Essa técnica tem sido aplicada às gangues de rua, às crises financeiras, às drogas e ao atual sistema educacional e prisional.
Com relação ao sistema educacional é necessário dar a conhecer que os estudos realizados pelo Clube Bilderberg demonstram que conseguiram diminuir o coeficiente intelectual médio da população. Para conseguir isso não só manipulam as escolas e as empresas, mas também têm se apoiado na arma mais letal que possuem: a televisão e seus programas de baixo nível, para afastar a população de situações estimulantes e conseguir assim entorpecê-la.
O objetivo final desse pesadelo – ou dessa “confusão dos diabos”… - é um futuro que transformará a Terra num planeta-prisão por meio de um Mercado Globalizado Único – que tornou o mundo plano -, vigiado por um Exército Mundial Único, regulado economicamente por um Banco Mundial e habitado por uma população controlada por microchips cujas necessidades vitais terão sido reduzidas ao materialismo e à sobrevivência: trabalhar, comprar, procriar, dormir, tudo conectado a um computador global que supervisionará cada um de nossos movimentos.
Os membros do Bilderberg “possuem” os bancos centrais e, portanto, estão em condições de determinar os tipos de interesses, a disponibilidade de dinheiro, o preço do ouro e quais os países que devem receber quais empréstimos. Ao movimentar divisas, os membros do Bilderberg ganham milhares de dólares.
Desde 1954, os sócios do Bilderberg representam a elite das nações ocidentais - financistas, industriais, banqueiros, políticos, líderes de corporações multinacionais, presidentes, primeiros-ministros, ministros das Finanças, secretários de Estado, representantes do Banco Mundial, OMC, FMI, executivos dos meios de comunicação e lideranças militares -, um governo nas sombras que se reúne em segredo para debater e conseguir um consenso sobre a estratégia global. Todos os presidentes dos EUA, desde Eisenhower, pertenceram ao Clube. Também Tony Blair, assim como Lionel Jospin, Romano Prodi, ex-presidente da Comissão Européia, Mario Monti, comissário europeu para a Concorrência, Pascal Lamy, comissário do Comércio, José Manuel Durão Barroso, atual presidente da Comissão Européia, Alan Greenspan, chefe do FED (o Banco Central dos EUA), Hillary Clinton, John Kerry, a ministra de Assuntos Internacionais da Suécia, assassinada, Anna Lindh, Melinda e Bill Gates, Henry Kissinger, a dinastia Rothschild, Jean-Claude Trichet, cabeça visível do Banco Central Europeu, James Wolfenson, presidente do Banco Mundial, Javier Solana, ex-Secretário Geral do Conselho da Comunidade Européia, o financista George Soros, um especulador capaz de derrubar moedas nacionais em proveito próprio, e todas as famílias reais da Europa.
Juntamente com eles sentam-se os grandes proprietários dos meios de comunicação, pessoas que controlam tudo o que se lê e assiste.
Em 2004, no Grande Hotel des Iles Borromées, em Stresa, Itália, em mais um Encontro, celebrou-se o 50º aniversário do Grupo, que foi constituído entre os dias 29 e 31 de maio de 1954 no hotel Bilderberg (daí o nome de Grupo Bilderberg), na localidade holandesa de Oosterbeckl em um evento organizado pelo príncipe Bernard, da Holanda.
Tanto Donald Rumsfeld, atual Ministro da Defesa dos EUA, como o general Peter Sutherland, da Irlanda, são membros do Bilderberg. Sutherland é ex-comissário europeu e presidente da Goldman, Sachs e Britsh Petroleum. Rumsfeld e Sutherland ganharam um bom dinheiro em 2000 trabalhando juntos no conselho da companhia energética suíça ABB (Asea Brown Bovery Ltda). Sua aliança secreta tornou-se pública quando se descobriu que a ABB havia vendido dois reatores nucleares a um membro ativo do “eixo do mal”, a Coréia do Norte!
Por outro lado, é muito difícil resumir como o Clube Biderberg esteve envolvido com a administração de Ronald Reagan, eleito presidente dos EUA em 1980. Todos os cargos importantes do governo foram ocupados por socialistas fabianos, recomendados pelo Heritage Foundation do Bilderberg/Rockefeller (um parêntesis para assinalar que a Heritage Foundation, fundada em 1973, apresenta-se como um instituto educacional de pesquisa que formula e promove políticas públicas e conservadoras baseadas nos princípios de livre-empresa, governo limitado e liberdade individual, o que torna essa afirmativa – pelo menos essa – inverossímil); com o assassinato de Aldo Moro - morto pelo grupo maçon P2, com o objetivo de alinhar a Itália com o Clube de Roma e com Bilderberg; com o assassinato de Ali Bhutto, presidente do Paquistão, em 1979, que queria desenvolver armas nucleares como elemento de dissuasão contra “as contínuas agressões israelenses no Oriente Médio”; com a deposição do Xá do Irã pelo aiatolá Khomeini, uma criação da VI Divisão de Inteligência Militar britânica, popularmente conhecida como MI6 (sobre o qual o Parlamento britânico não tem jurisdição); ou com o caso Watergate.
Ao contrário do que sempre afirmou o Washington Post, não houve nenhuma “evidência” de que Nixon tenha abusado de seu poder. Se cometeu algum crime foi o de não defender a Constituição dos EUA, como jurou na cerimônia de posse.
O surgimento de Bill Clinton, “ungido” como candidato à presidência dos EUA na conferência de Bilderberg de 1991, em Baden-Baden, Alemanha, à qual ele esteve presente, também não é muito fácil de esclarecer. O que é completamente desconhecido pela maior parte da população mundial é que Bill Clinton, saindo da conferência, realizou uma inesperada viagem a Moscou, onde em uma terça-feira, 9 de junho de 1991, entrevistou-se durante uma hora com o Ministro do Interior soviético, Vadim Bakatin, ministro do já então condenado governo de Mikhail Gorbachev.
Especula-se que Clinton tenha sido enviado a Moscou pelo Clube Bilderberg para conseguir que “enterrassem” os relatórios da KGB sobre a juventude do próprio Clinton e suas atividades contra a guerra do Vietnã, dois meses antes de anunciar a sua candidatura à presidência. Afinal, Vadim Bakatin, no governo de Boris Yeltsin, que sucedeu Gorbachev, foi nomeado para um importante cargo na KGB.
Como esses fatos podem ser verificados? É virtualmente impossível penetrar no Clube Bilderberg. Algumas provas não estão ao alcance porque fazem parte dos arquivos da Inteligência e só uma minoria privilegiada pode vê-las. Não esperem nunca que os meios de comunicação mencionem a conspiração nos telejornais da noite. E, como nada disso que consta no livro de Daniel Estulin aparece nos noticiários, as pessoas imaginam tratar-se de mais uma das muitas teorias de conspiração a serem desprezadas, freqüentemente ridicularizadas e, por fim, rejeitadas. Resumindo: “uma confusão dos diabos”.
O objetivo do Clube Bilderberg é a busca de uma era pós-nacionalismo, em que já não haverá países, só regiões e valores universais. Ou seja, só uma economia universal, um governo universal (designado, não eleito) e uma religião universal. Para assegurar esses objetivos, os membros do Clube defendem um enfoque mais técnico e menos conhecimento por parte do público.
Seu objetivo final é o controle de absolutamente tudo no mundo, em todos os sentidos da palavra: a atmosfera, os oceanos, os continentes com todas as suas criaturas. Agem como se fossem Deus na Terra.
Em 28 de fevereiro de 2006, Daniel Estulin denunciou, na Internet, as dificuldades para que seu livro seja vendido em Portugal e Espanha, inclusive com boicote por parte da editora Planeta, que o editou.
Fonte: Carlos I. S. Azambuja, historiador.
Publicado originalmente no site Mídia Sem Máscara (de onde o artigo foi, estranhamente, eliminado).
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quinta-feira, 23 de outubro de 2008
EPISTEMOLOGIA DE UM SOFISMA
Parte-se do princípio que o modelo “lá” deu certo por razões históricas: pela ética do governo, pelo empreendedorismo dos seus empresários, pela superioridade moral do seu povo. A mesma razão presta-se a explicar a situação “cá”: pusilanimidade dos políticos, preguiça da população, “jeitinhos brasileiros” etc.
Antes dessa crise a referência para a comparação eram os Estados Unidos, mas, com a bancarrota do laissez-faire, a utopia burguesa costuma situar-se onde sempre esteve antes da ascensão do Império hegemônico: “nas nuvens”, expressão de Karl Marx que literalmente significa “no mundo das idéias” ou “em condições ideais”.
Com o socialismo - e aqui vem o “fenômeno absurdo” - essa lógica se inverte: todo e qualquer erro, de avaliação ou de política pública, cometida por um país socialista torna-se imediatamente “problema estrutural do socialismo”.
A Comuna de Paris levanta-se em armas contra os políticos franceses na guerra franco-alemã. Guerra civil? Não, o Socialismo que é genocida por natureza. A URSS de Stalin reprime manifestações por um “socialismo não-burocrático” na ex-Tchecoslováquia. Erro de Stalin? Não, o Socialismo que é autoritário. Chávez fecha um canal de TV que participou de um golpe armado com apoio da CIA. Destempero do venezuelano? Não, o Socialismo que é antidemocrático.
Percebem a diferença?
A regra é mais ou menos esta: na vigência do Capitalismo, em que dirigentes de Estado e empresários pertencem à mesma classe social, os crimes e erros são meros desvios específicos, locais; na vigência do Socialismo, o erro é de todo o sistema, e, como se não bastasse, é atemporal (vale para todas as épocas).
Vamos a um exemplo prático, a política do “realismo socialista” adotada pela URSS após o 1º Congresso da União dos Escritores Soviéticos, realizado de 17 de agosto a 1º de setembro de 1934.
Vale lembrar que antes mesmo da Revolução de 1917 as vanguardas culturais já assumiam posicionamentos frente à luta que estava posta. De um lado a monarquia czarista, sustentada politicamente pela Igreja Ortodoxa e pela aristocracia, adotava um padrão estético acadêmico; de outro, o novo grupo político propunha uma renovação geral e trazia consigo uma revolução cultural e estética.
Sendo necessário fazer a propaganda revolucionária em um país com uma população majoritariamente analfabeta ou de baixo nível de escolaridade, com deficiências materiais no campo das gráficas disponíveis, optou-se por cartazes com poucas palavras, poucas cores (basicamente, preto, branco e vermelho), elementos geométricos simples e uma linguagem icônica.
Em tais condições históricas floresceria espontaneamente o “realismo soviético”, mantendo-se posteriormente por razões também políticas: no contexto da Guerra Fria era crucial para a URSS adotar uma estética artística potencialmente oposta à cultura de massas que virava norma nos EUA. Naturalmente, a própria cultura de massas (que hoje homogeneizou a mídia mundial) é também histórica. Nasceu no contexto da Grande Depressão de 1929).
Concordo com Aldo Nascimento, do blog Língua, sobre o erro que foi a importação do modelo soviético pelo Partido Comunista Brasileiro (PCB), que não foi o único a fazê-lo. Partidos comunistas da China, Coréia do Norte, Vietnã, Laos, Camboja, Cuba, Nicarágua e outros países fizeram o mesmo.
Entretanto, até esse encartilhamento precisa contextualizar-se no movimento real da história: no pós-1ª Grande Guerra Mundial, com ascensão de forças hostis na Europa e no outro lado do Atlântico, a orientação da 3ª Internacional (reunião formada pelos partidos comunistas de vários países) foi desesperada: todos os partidos-membros deveriam seguir as mesmas estratégias de Moscou. Em 1939, quatro anos após o Congresso de Escritores, rebentaria a 2ª Guerra Mundial e o “realismo socialista”, que já era regra, virou norma.
Uma atitude equivocada, evidentemente. Porém, imaginem o peso, naqueles tempos, de algum partido afirmar-se "comunista” e rejeitar a estratégia de guerra adotada globalmente em uma cúpula mundial...
Como se vê o “realismo socialista” não é, nunca foi, ação “do Socialismo”, este espectro tão caluniado, por uma razão muito simples: Socialismo, assim como Capitalismo, são sistemas político-econômicos fundados em realidades locais, distintas no tempo e no espaço, moldadas por subjetividades e valores sociais específicos.
O “realismo socialista” foi primeiro uma decisão política específica, estendida mais tarde ao resto do mundo em um contexto geopolítico de guerra, não apenas da 2ª Grande Guerra, mas principalmente da Guerra Fria. Vale lembrar ainda que o “realismo socialista” foi um dos motivos que levaram à criação da 4ª Internacional, formada por dissidentes que consideravam o modelo soviético um “capitalismo de Estado” (com o que estou de acordo).
Naturalmente, conhecer tais detalhes nos garante um grande aprendizado da história do mundo no turbulento Século XX. E também permite compreender melhor erros de avaliação muito próprios da sua época, local, condições políticas, sociais e econômicas.
Por isso mesmo transformar tais equívocos específicos em características imutáveis do Socialismo é não só uma grande desonestidade intelectual, mas a manifestação da posição de classe de quem o faz. Afinal, se não nos mobiliza a produção de miséria em escala industrial, ameaça de catástrofe ambiental global, crise sistêmica internacional, concentração de renda, corrupção generalizada, multiplicação da miséria, alienação moral e outros crimes inerentes ao capitalismo, é porque já nos acomodamos muito bem, obrigado, em nossa função de protetores desse regime totalitário (!) que aquece o nosso quartinho dos prazeres...
... enquanto o resto da casa pega fogo!
A ilustração acima é do poeta soviético Vladimir Maiakóvski, a quem o também poeta e tradutor Haroldo de Campos, em comentário ao livro "Maiakóvski - Poemas", (Ed. Perspectiva, 1982) assim definiu: "Maiakóvski deixa descortinar em sua poesia um roteiro coerente dos primeiros poemas, nitidamente de pesquisa, aos últimos, de largo hausto, mas sempre marcados pela invenção. 'Sem forma não há arte revolucionária', era seu lema, e nesse sentido Maiakóvski é um dos raros poetas que conseguiram realizar poesia participante sem abdicar do espírito criativo".
Para Aldo Nascimento, entretanto, "se tivesse nascido no berço da economia de mercado, a arte de Vladimir Maiakóvski teria seguido outro destino".
Aposta perigosa. Não há como saber, sequer, se Maiakóvski seria Maiakóvski se tivesse nascido em outro país, outro contexto social, político e econômico, pela óbvia razão de que são sobre esses contextos específicos que erguem-se as subjetividades individuais.
Mas é compreensível. Afinal, segundo o professor, "o neoliberalismo permite ao indivíduo o que comunistas não permitiram na história: a liberdade de criar" (inclusive sofismas, acrescento).
quarta-feira, 22 de outubro de 2008
O PENSADOR
Originalmente chamado de O Poeta, a peça era parte de uma comissão do Museu de Arte Decorativa em Paris para criar um portal monumental baseada na Divina Comédia, de Dante Alighieri. Cada uma das estátuas na peça representavam um dos personagens principais do poema épico. O Pensador originalmente procurava retratar Dante em frente dos Portões do Inferno, ponderando seu grande poema.
Fonte: Wikipedia.
terça-feira, 21 de outubro de 2008
O ACRE SUMIU!
A matéria de lançamento da campanha esclarece ainda que "a agência foi convidada a fazer parte... em função do seu engajamento e defesa das causas amazônicas."
Como diziam os antigos, "tá-se vendo..."!
segunda-feira, 20 de outubro de 2008
EDJANE BATISTA: EMPRESÁRIOS VÃO TER QUE ESPERAR
Não é de estranhar. Na sexta-feira, jornais, TVs e rádios alardearam a “intervenção” do Ministério Público Federal (MPF) na greve. O motivo: “pequenos” empresários que alegaram não poder pagar suas dívidas, apesar do funcionamento dos Correios, bancos populares, casas lotéricas e internet não ter sido afetado.
A greve é nacional, mas no Acre tem a liderança incontestável da jovem sindicalista Edjane Batista, reeleita, com 91% dos votos, presidenta do Sindicato dos Empregados em Estabelecimentos Bancários do Acre (Seeb/AC) em 2006. Edjane firma-se como uma das lideranças orgânicas dos trabalhadores acreanos na luta contra a crise sistêmica que se avizinha, de acordo com o último Global Europe Anticipation Bulletin (em francês. Veja aqui em português).
Confira, a seguir, a entrevista que a sindicalista me permitiu.
Como é organizada uma greve nacional?
No nosso caso temos um grupo de negociação com os banqueiros localizado em São Paulo, formado pelo Conselho Nacional dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf). Os sindicatos ficam mobilizados e em contato constante com esse grupo. Quando há discussão, como a rodada de ontem quando veio a proposta que rechaçamos, os sindicatos se reúnem e cada categoria delibera se mantém ou paralisa a greve. Mas a categoria está muito unida, nós avisamos aos banqueiros que aquela proposta é discriminatória e os sindicatos do país inteiro homologaram a decisão.
Por que não aceitaram?
Porque não é o que a gente quer. Nós estamos pedindo a valorização do piso, chegando a R$ 1.547 nesse ano, com reajuste de 25% no ano que vem e outro reajuste de 25% em 2010. E é pouco, porque segundo o Dieese o nosso piso deveria estar em R$ 2.074. Hoje ele é apenas 920 reais. Então para repor queremos valorizar aos poucos até 2010, uma flexibilidade fora do comum. Também queremos aumento da Participação nos Lucros e Resultados (PLR) correspondente a três salários mais R$ 3.500, mas os patrões não aceitaram.
Não seria por causa da crise?
Não estamos caindo nessa desculpa esfarrapada, pois os bancos brasileiros estão sólidos. Eles têm uma grande credibilidade e são bancos que não emprestavam para pessoas com risco de não pagar, o famoso subprime. A lucratividade deles é tão alta que isso que pedimos pode ser cumprido sem o menor problema mesmo em plena crise mundial.
Você não acha que os trabalhadores em geral deveriam aproveitar a crise para se manifestar, para exigir que os preços não consumam os seus salários, para lutar contra a exploração dos patrões, enfim... você não acha que é um momento propício para todas as categorias, e não só para os bancários?
Gostaríamos muito que todos os trabalhadores estivessem se manifestando, com certeza, inclusive temos discutido muito sobre essa crise com a categoria. Afinal temos uma crise globalizada e com certeza isso vai atingir a todos os trabalhadores em geral. E com certeza vamos ter que lutar para manter direitos conquistados com muito sacrifício.
O presidente Lula já disse que reajustes para o setor público podem ser sacrificados para atender à economia, além de algumas obras previstas no PAC. Isso com certeza deve atingir algumas categorias, será que vai atingir vocês?
Eu vi, mas não creio que essas ações mencionadas pelo Lula vai afetar a ponto de não atender às reivindicações bancárias, que são tão poucas. Por isso queremos fechar logo esse acordo para que os bancos trabalhassem normalmente e eles possam ver o que podem fazer para contornar e tornar a crise no Brasil mais fraca. Por isso, se os banqueiros fechassem esse acordo ganhariam muito mais.
Qual o tamanho da categoria dos bancários no Acre hoje?
Temos 730 servidores. É uma categoria pequena, já que o nosso banco estadual fechou e reduziu muito o efetivo de trabalhadores, mas essa redução foi também um fenômeno nacional. Hoje temos 450 mil servidores no Brasil inteiro e há 15 anos tínhamos 1 milhão. Ou seja, foi o inverso do que os empresários prometeram. Vários bancos estaduais também fecharam, dando lugar à privatização. E há outro fenômeno danoso para a categoria, que são as fusões. Elas ajudaram a reduzir o quadro funcional, inclusive aqui no Acre. Lembra do BBV que foi vendido para o Bradesco? O Finasa que também foi para o Bradesco e outros? Pois é, essas fusões trouxeram demissões como “inovação”, antes de tudo.
Mas é praxe existir demissões durante as fusões bancárias ou foram ações isoladas?
É de praxe, sim. Claro que os banqueiros não vão admitir isso jamais, eles dizem é que remanejam, que lotam os servidores em outros setores sei o que, mas o nível de demissões é alto, altíssimo. Aqui no Acre mesmo chegamos a ter 1,6 mil sindicalizados. Hoje temos entre 720 e 730 pessoas. Ou seja, essas privatizações só trazem melhorias mesmo para os empresários, que lucram mais e passam um serviço cada vez pior para a população. E demitem. Em vez de expandir as contratações o que houve foi demissões.
Conversando com servidores da Caixa eu soube que um dos grandes problemas de lá, além da superlotação, é o alto número de estagiários ou servidores provisórios. O que o Seeb/AC tem feito a esse respeito, até como forma de melhorar o atendimento à população?
Esse é um problema nacional da Caixa. A Contraf entrou na Justiça pedindo para acabar com a terceirização, porque é isso o que acontece. São servidores terceirizados de empresas prestadoras de serviço. Chegou ao absurdo de ter mais de 50% dos servidores terceirizados, mas devido a esta ação da Contraf eles foram substituídos por servidores efetivados por meio da realização de concursos públicos. Hoje, nessa greve, a realização de concursos públicos para os bancos estatais faz parte da nossa pauta de reivindicações que está sendo negociada em São Paulo. Nisso a população será beneficiada.
Essa prática de terceirização ocorre apenas na Caixa ou é generalizada?
Ocorre em todos os bancos, inclusive nos bancos privados, mas também lugamos contra esse tipo de medida causa uma enorme precarização do atendimento ao público. O banqueiro ao colocar uma pessoa assim para trabalhar deixa de pagar um bancário com todos os direitos trabalhistas garantidos e contrata um terceirizado ganhando bem abaixo do que nós ganhamos hoje.
Mas a maioria ainda é de servidores efetivos ou já foi ultrapassada?
Sim, ainda é de servidores efetivos, mas a terceirização não é o único problema. Temos ainda o problema da automação, dos caixas eletrônicos, que avança cada dia mais sobre o atendimento pessoal. Por isso é importante lutar contra as demissões porque mesmo com a automação do atendimento o que a prática mostra é filas imensas dentro dos bancos, o que todo mundo pode ver todos os dias. São filas tão grandes que mesmo com a lei estadual que fixou horário mínimo para o atendimento as pessoas não são atendidas no prazo. Quer dizer: está faltando bancário.
Quantos servidores participam dessa greve aqui no Acre?
Dos bancos públicos conseguimos a participação de 90% dos servidores. Lá dentro estão apenas os gerentes gerais e os demais que lotam cargos de confiança. Mesmo assim as compensações bancárias estão acontecendo. Na semana passada tivemos uma reunião com o Ministério Público Federal (MPF), que lembrou a necessidade de funcionamento dos 30%. Mas a nossa categoria não é irresponsável e todas as compensações estão acontecendo normalmente. Além disso temos a internet, banco popular, casas lotéricas, Correios, várias opções para pagamentos de dívidas.
Me parece que a reclamação partiu dos empresários.
Sim, é claro que que os empresários vão reclamar porque não podem obter empréstimos nesse período. Paciência. Esse serviço em particular está e vai continuar paralisado, porque não é um serviço essencial. A tomada de empréstimos poderá ser feita normalmente após a greve, eles que esperem. Nossa luta não é somente pela nossa categoria, é por toda a sociedade que merece ser atendida a tempo e com qualidade dentro das agências.
Para terminar, qual seria o número ideal de servidores nos bancos acreanos, hoje?
Isso depende porque cada agência tem a sua especificidade. Mas digamos que cada agência bancária do Acre atual deveria ter um incremento mínimo entre 10% e 20% do total de servidores. Acho que isso garantiria o funcionamento mínimo, na medida do possível. Naturalmente as agências maiores precisariam de mais servidores. Servidores efetivos e bem pagos, é claro.
A foto é do interior da agência central da Caixa e mostra aproximadamente metade de uma fila que se forma todos os dias.