A Comissão da União de Nações Sul-americanas (Unasur) anunciou que deslocará uma comissão até Brasiléia, a 286 quilômetros de Rio Branco, para ouvir os testemunhos dos fugitivos bolivianos acusados pelo governo de promover o massacre da população pandina de Porvenir, em 11 de setembro.
Segundo o chefe da missão da Unasur que investiga o massacre, Rodolfo Mattarollo (foto), mais de 100 bolivianos encontram-se em Brasiléia. Para alguns eles são fugitivos. Para outros, refugiados políticos.
"O comissionado brasileiro da Unasur, Fermín Afequio, está em Brasiléia e me fez esse pedido, como coordenador e como investigador da situação, mas ainda não foram tomados depoimentos até que nós e nossa equipe técnica nos apresentemos e façamos o trabalho", disse Rodolfo Mattarollo, que se reuniu no último sábado no Palácio Quemado com o presidente Evo Morales.
O comissionado brasileiro da Unasur reuniu-se também com autoridades brasileiras e informou que há vários pedidos de extradição tramitando. Matarollo explicou ainda que a comissão é formada por duas categorias. A primeira a do comitê executivo, no qual o próprio Matarollo está como delegado argentino e coordenador dos demais países sul-americanos.
A outra equipe é composta por advogados, assistentes sociais, antropólogos, peritos forenses e outros especialistas.
"Achamos que nossa missão ocorre dentro de um processo de paz, de luta pelos direitos humanos e pelo Estado de direito, de modo que mais que nunca progredimos tanto", disse Mattarollo.
Consultado se a comissão teria sofrido algum tipo de pressão política, Matarollo nega.
"Nós temos uma tarefa estritamente referida aos direitos humanos, à investigação dos fatos do 11 de setembro em Pando e não sentimos pressão de nenhuma natureza", acrescentou o delegado da Unasur.
Em vez disso, afirmou, os membros da comissão estão ouvindo todos os envolvidos nos episódios do massacre em Pando, com as instituições do Estado, moradores locais e assim prosseguem com os trabalhos.
"Já ouvimos vários depoimentos em La Paz, em Pando, e prosseguiremos ouvindo, registrando, fazendo perguntas para tirar as dúvidas", afirmou Mattarollo.
RELATÓRIO
A Unasur anunciou que até o final de novembro entregará um relatório final sobre o massacre de Porvenir (Pando). O episódio deixou 18 mortos e dezenas de feridos - a maioria, camponeses.
"Nosso relatório será ágil e corresponderá à situação que de fato se viveu na Bolívia (…) a Unasur entregará tudo à perícia até o final de novembro", disse Rodolfo Mattarollo, que já ressaltou: será necessário aprofundar as conclusões da comissão em investigações posteriores.
O chefe da missão de Unasur explicou que desta comissão investigadora participam todos os representantes dos países da América do Sul.
Além disso, especificou que os presidentes sul-americanos, quando lhe deram o mandato, no Palácio de La Moneda (em Santiago, Chile), no dia 15 de setembro, lhe pediram para atuar com imparcialidade e nessa linha é que as investigações ocorrem.
"Quando cheguei à Bolívia, disse imediatamente que escutaria todas a partes do conflito e somente depois tiraria conclusões, de forma independente. Por isso lhes posso assegurar aos senhores (jornalistas) que vamos escutar todos os atores que nos parecem indispensáveis", finalizou o delegado da Unasur.
Foto e texto são da Agencia Boliviana de Información (ABI).
Nenhum comentário:
Postar um comentário