O conflito armado na Colômbia deixou perto de 1 milhão de mortos, irrigando suas pequenas propriedades rurais com miséria, desolação e morte de famílias camponesas, que, por sua vez, sempre foram alvo da tirania das oligarquias pró-imperialistas que a sangue e fogo defendem os interesses do colosso do Norte.
A sangria cruel do povo colombiano iniciou-se há 50 anos com a violência fratricida entre liberais e conservadores na disputa pelo poder. Incluem-se aí os “pájaros", os "chulavitas" de Laureano Gómez; o assassinato de Jorge Eliécer Gastan, o “tribuno do povo", a ditadura do General Gustavo Rojas Pinilla; tudo isso foram facetas de um conflito maior.
Os 16 anos da Frente Nacional, a alternância das duas facções de oligarquias colombianas são a continuidade da estúpida violência para obter o controle, o poder, e continuar administrando a pátria como um traseiro dos gringos, recebendo como pagamento algumas migalhas de dólares que os norte-americanos deixam cair de sua mesa farta. No governo de Guillermo Valencia, os americanos que assessoravam os militares colombianos bombardearam as sete repúblicas independentes onde havia refugiados camponeses que não aceitavam a anistia proposta pelo governo ilegítimo para entregar suas armas e integrar-se à vida civil. Eles temiam, com razão, ser assassinados.
Marquetalia, El Pato, Rio Chiquito, El Guayabero, entre outras comunidades, foram bombardeadas pelas forças governamentais, deixando milhares de mortos e desabrigados - perto de 100 mil, segundo alguns relatos de sobreviventes desse atentado terrorista contra a população camponesa - a sua maioria idosos, mulheres, crianças, inocentes que fugiam da região para se proteger.
O governo da Frente Nacional do conservador Guillermo León Valencia argumentava que não podia existir um estado dentro do estado, uma república independente, sem controle dos poderes centrais; no entanto, os camponeses haviam construído estradas vicinais, escolas, postos de saúde, constituíram leis e um sistema de escambo como base econômica. As crianças, de qualquer idade, sempre foram vítimas inocentes da violência desse regime com fachada de democracia que por muitos anos controlou o poder na Colômbia. Foram essas crianças, que tiveram os seus pais assassinados, desaparecidos, presos, torturados, a quem não restou outro caminho senão empunhar as armas em revolução popular.
Essas crianças de ontem são os guerrilheiros de hoje, os que integram as colunas da guerrilha das FARC-EP .A essas crianças desabrigadas, as FARC, no tempo de Manuel Marulanda Velez, ensinou a ler e a escrever em escolas encravadas nas selvas colombianas, e depois os enviou a colégios nacionais de ensino médio. Alguns conseguiram entrar na Universidade Nacional; a outros o Partido Comunista (Juventude Comunista), diante de suas especiais capacidades e inteligências, conseguiram bolsas de estudos no exterior - na União Soviética, Cuba, enfim, em países socialistas que ofereceram esse presente.
Com esse esforço a Juventude Comunista (JUCO) lhes cultivou política e ideologicamente, enviando-lhes às mais diversas universidades socialistas do mundo. Na Patricio Lumumba, em Moscou, ingressaram em faculdades de Engenharia, Economia, Diplomacia Internacional; e em Havana formaram-se doutores em Medicina etc.
Segundo os altos comandos militares, os camponeses instruídos são perigosos. Solução: extermínio em massa, como o da União Patriótica, o assassinato seletivo de quadros da JUCO: Jaime Bateman, Luis Francisco Otero, Francisco Garnica, Pedro Leon Lupo Arboleda, Pedro Vazquez Rondon, Manuel Cepeda Vargas, Miller Chacon, Hernando Gonzales e muitos marcados para morrer, na mira do Exército.
Nos famosos distritos municipais de guerra, durante o governo de Carlos LLeras Restrepo, o comandante da Nona Brigada de Institutos Militares com sede em Neiva, coronel Armando Orejuela Escobar, que depois se tornaria general e comandante das forças Armadas, afirmava cinicamente que “Um camponês ilustrado é um bandido!"
Mas estas são as crianças desabrigadas de ontem e os profissionais do Secretariado e Comandantes das FARC de hoje, que lutam pela sua pátria e por uma Nova Colômbia com educação, trabalho e justiça social. São lutadores sociais, não terroristas, bandidos ou narcotraficantes como a família Uribe Vélez e seus 40 ladrões.
Por outro lado, também não devemos ignorar o que se passa com as crianças que nasceram em "berço de ouro", os filhos das mais "finas” classes sociais - das 50 - que governam o país há 200 anos: educados para mandar, perdão, administrar a estática “Gringolândia". As crianças ricas vão a escolas privadas, colégios exclusivos do mais alto turmequé, às mais caras e privilegiadas universidades do país e depois são enviadas para fazer pós-graduações ou doutorados em países europeus como a França, Espanha, Estados Unidos, Canadá; ou para países asiáticos como o Japão, Austrália e outros. Os "delfins" ou privilegiados dos gringos são nomeados pelo governo colombiano atual como embaixadores na casa Branca e fazem cursos no Pentágono e na CIA para ser ungidos como presidentes do país bananero para que se alternem na cadeira presidencial e assim não se enfrentem e deixem de defender os interesses imperiais...
Eles, os candidatos por excelência, não pertencem ao Eixo do Mal, não são filhos do demônio nem terroristas, são os enviados de Deus e anjinhos alvos do Tio "Sam" que, com com o apoio do sionismo e suas armas levarão a ordem ao mundo em nome de uma democracia a serviço do imperialismo norte-americano. Assim se dividem as crianças boas e más na Colômbia, enquanto, no contexto internacional, os organismos de proteção à paz, dos direitos humanos e da infância permanecem como espectadores do conflito graças às mentiras e as astúcias do tirano que impedem uma ação enérgica.
O autor solicita, nesta tribuna livre da ABP que nos permite opinar sobre a problemática colombiana, a intervenção dos organismos internacionais de proteção a nossas crianças na realidade que elas vivem na Colômbia, uma ditadura civil militar organizada por Alvaro Uribe Veles. Isso sem citar naquelas crianças que se lançam à aventura de perambular o mundo em busca de um futuro mais digno, ou as crianças crescidas que na primeira oportunidade se escondem em aviões e procuram asilos em qualquer parte que os recebam, aos profissionais ou intelectuais que lhes chamam de “mentes em fuga".
Para mostrar isso ao mundo temos que ler a carta de Liliany Patricia Obando Villota, enviada aos Exilados Políticos Colombianos Bolivarianos na Austrália. É uma peça-chave para se compreender a história da política colombiana e deve ser bandeira de luta internacional até conseguir que escutem o seu lamento. Seus filhos foram perseguidos, interrogados por capangas da inteligência militar, feitos prisioneiros devido à sua militância: são prisioneiros de guerra, na sua casa, na escola, em sua cidade, enfim, cada passo e cada movimento que dão são seguidos pelos arapongas da Inteligência que seguramente vendem falsos positivos aos jornais.
O único crime para que essas pessoas se tornassem prisioneiras de guerra foi o fato de sua mãe, Liliany Patricia Obando Villota, uma mulher que fala cinco ou seis idiomas, além de ser cineasta, socióloga e mestra em Ciências Políticas sobre a realidade colombiana, ter narrado ao vivo a realidade que vive sua pátria.
Sem dúvida o senhor presidente está completamente maluco e deve enxergar muitos moinhos de vento como Sancho Pança, ou quer passar a imagem de maluco para mandar à prisão os seus opositores, como esta voz rebelde, de origem camponesa, por um delito inexistente como ter ocupado um cargo na FENSUAGRO. Liliany deixou aqui, na Austrália, muitos amigos que observam com assombro o que continua ocorrendo no país do Sagrado Coração de Maria e o escapulário da família Uribe, onde o paramilitarismo, o crime seletivo, o genocídio e o narcotráfico são o pão nosso da cada dia.
Do maluco Uribe tudo se pode esperar, em seus coices de fera ferida de morte. Ele vai ter que prender todo um povo que o repudia, que o ”elevou como palma, mas que cairá como coco". Aliás, em sua paranóia ele já solicitou a todos os governos do planeta a extradição dos exilados políticos.
Uribe é um caso especial de delírio de grandeza, e, como inspetor de polícia numa época de violência generalizada na Colômbia, mandou aplicar a pena de morte e fuzilar um cachiporro chusmero. Quando seus serviçais pistoleiros lhe insinuaram que a pena de morte não era legal na Colômbia, o ditador do pueblito retrucou: “Onde está escrito que não é possível impor a pena de morte?”. Os fuzileiros: “Na Constituição Federal, senhor presidente!”. Então Uribe, taxativo com seu sotaque paisa da família dos “12 apóstolos”, saiu-se com esta: “Pois reforme-se a Constituição e aplique-se a pena de morte!”.
O presidente Alvaro Uribe Velez primeiro legalizou os paramilitares. Sua família montou os maiores e melhores laboratórios do “ouro branco” (a cocaína), e, com a máfia do terrorista Pablo Escobar, transpassou as fronteiras blindado pela máfia norte-americana e quer agora legalizar a pena de morte sob alegação que é do fato que nasce o direito...
Diante disso, é necessário ficar bem claro aos opositores do regime totalitário do presidente Uribe e seus 40 ladrões que, quando se fizer alguma advertência ou aviso sobre a Corte Marcial, já se estará de antemão condenado. É como afirma um jovem sobrinho advogado, cheio de fé e esperança em uma nova Colômbia e a quem não atrevo a identificar porque a sua vida correria perigo assim como as vidas das crianças colombianas: "A justiça não existe, só existe a opinião dos injustos".
Finalmente, a carta de Liliany Patricia Ovando Villota nos traz uma série de dúvidas muito coerentes que questionam a maluquice do presidente Álvaro Uribe Vélez.
1- Por que os paramilitares, amigos ou amigas pessoais do ditador da Comarca gozam do privilégio da prisão domiciliar?
2- Por que os paramilitares são extraditados aos Estados Unidos indiciados por tráfico de drogas, evitando a justiça colombiana e impedindo os inquéritos por assassinatos e genocídios?
3- Que explicação deu o presidente Uribe sobre o parlamento paramilitar, seu partido e seus amigos que foram financiados pelas Autodefensas Unidas da Colômbia?
4- O que significa a legalização do paramilitarismo na Colômbia e a criação do paramilitarismo como partido político em Rialito, conforme manifestou-se o governante?
5- As “Aguilas Negras" são o outro braço criminoso do presidente Uribe e seu bunker ou a guarnição é a Casa Nariño em Bogotá? Como se explica isso, presidente?
6- No Exército, oficiais de alta categoria são assassinos de jovens desaparecidos e quem deu as ordens foi o senhor, senhor presidente. Por que não nos tira essa dúvida?
Rede internacional organizada pelos amigos de Liliany Patricia Obando Villota, heroína colombiana que fez de sua casa uma prisão para cuidar dos seus filhos.
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