sexta-feira, 10 de outubro de 2008

GUERRA DE INFORMAÇÕES NA BOLÍVIA

O jornalista acreano Alexandre Lima, que mantém o jornal virtual O Alto Acre, foi citado em uma lista de supostos beneficiários de dinheiro público em uma rede de jornais montada pelo ex-governador do Departamento de Pando, Leopoldo Fernández. Divulgada em rede nacional boliviana de rádio e televisão, a lista foi revelada pelo ministro da Presidência da Bolívia, Juan Ramón Quintana.

Alexandre teria recebido B$ 24 mil (aproximadamente R$ 6 mil) para elogiar e passar uma imagem positiva do governo Fernández, de acordo com Quintana.

A lista é composta por sete emissoras de TV e 15 de rádio, 24 produtoras de comerciais e seis jornais impressos. Segundo o ministro a maioria desses veículos mantinha funcionários empregados no governo, mas todos receberiam dinheiro para manter "redes de tráfico de influências, de corrupção e de nepotismo que se instalou nos meios de comunicação", disse o ministro.

As explosivas declarações de Quintana são destaque há dois dias nos jornais bolivianos La Prensa, El Mundo, Agencia Boliviana de Información, Red Erbol, Los Tiempos, El Deber e outros (clique nos links para ver a matéria em cada veículo).

Mesmo assim nenhum jornal acreano, nem mesmo os eletrônicos, sequer menciona o fato. A exceção é o próprio O Alto Acre, que nega a acusação e ainda acusa o governo boliviano de tentar "amordaçar a imprensa".

"É muito dinheiro. Não sei de onde eles tiraram isso, talvez tenham se incomodado com uma matéria que eu fiz há alguns dias sobre esse falso socialismo deles. Essa história que eu recebi dinheiro criou até um mal-estar com a minha esposa, que agora acha que eu estou fazendo caixa dois no jornal", brincou Alexandre Lima, com quem conversei por telefone.

Para ver o vídeo em baixa resolução, com o pronunciamento e a lista dos jornais, rádios e TVs envolvidos, clique aqui. Para ver a resposta de Alexandre Lima em matéria não assinada clique aqui.

A foto é d'O Alto Acre.

Em tempo: a candidatura de Leopoldo Fernández para o governo pandino recebeu investimentos pesados de vários empresários acreanos. Um deles é o dono do jornal A Tribuna e da Gráfica Globo, Eli Assem de Carvalho, que ganhou muito dinheiro com material gráfico e de propaganda. Lembro que na época de vez em quando algum repórter era "convocado" para entrevistar Fernández - o "Leo", como chamava Eli Assem.

Clique aqui e veja, na seção Arte Final, o tipo de "linha editorial" que o dono d'A Tribuna costuma adotar nessas situações.

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